A janela de oportunidade continua aberta, mas os desafios estão presentes.
Passada a euforia
inicial do discurso de Powell (comentado aqui ontem: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/11/uma-janela-de-oportunidade-para-o-bom.html)
voltaremos a realidade do dia-a-dia de um momento próximo ao final de um grande
ciclo econômico.
Reforço que ainda
vejo uma janela de oportunidade para o bom desempenho dos ativos de risco, mas
gostaria de frisar que é apenas uma janela, um movimento tático, e não
uma mudança radial e drástica de tendência ou dinâmica em relação ao que temos
visto ao longo deste ano.
Em termos de
portfólio, continuo favorecendo posições relativas e um portfólio neutro que,
neste momento, deveria estar um pouco mais exposto para se apropriar desta
janela mais positiva.
No Brasil, ainda
vejo o mercado de renda variável como a classe de ativo mais bem posicionada em
termos de valuations, posição técnica
e fundamentos para se expor a este cenário. Vejo a parte curta da curva de
juros sem muito prêmio, mesmo diante de um ambiente favorável a juros baixos
por mais tempo. Há espaço para compressão de prêmios na parte longa da curva.
Para quem visa um horizonte mais longo de investimentos, as NTN-Bs longas
parecem ser uma boa opção de investimentos alocativo, de longo-prazo.
Finalmente, no câmbio, vejo espaço para alguma queda tática do dólar. De
maneira mais ampla, ainda gosto desse ativo como hedge das demais posições mais otimistas, especialmente via
estruturas de opção.
No cenário
internacional, o S&P poderá testar novamente o pico do “range” recente, em torno
de 2.850. Acima disso, já será um movimento mais desafiador. Para compor o
portfólio, encurtaria a posição tomada em Treasury para a parte mais curta da
curva, entre 2 e 3 anos. Há oportunidades de tomar taxas em outras economias no
mundo desenvolvido e em pequenas economias europeias. Gosto do Ouro e do JPY como
composição de portfólio. Poderemos observar alguma descompressão nos ativos de
renda fixa no curto-prazo, mas olharia para revender HYG e JNK caso a melhora
do mercado continue.
Voltando ao dia-a-dia,
artigo no FT mostra as dificuldades do setor imobiliário na China. Uma das
maiores incorporadoras do país foi obrigada a emitir bonds com taxas extremamente elevadas, da ordem de 13%, sendo que
US$1bi de uma emissão de US$1.8bi teve que ser comprada pelo “chairman” da
empresa. Este tipo de sinalização mostra que ainda existem inúmeros riscos no
mercado global, especialmente nesta fase do ciclo econômico.
Nesta mesma
linha, o Unicredit, grande banco na Itália, também foi obrigado a pagar taxas
elevadas em uma emissão ontem, que foi vendida a apenas um investidor.
É por essas e outras questões que continuo cauteloso com o cenário
estrutural, de longo-prazo, para os ativos de risco, em um ambiente de ciclo
econômico avançado.
No Brasil matéria
da Folha traz um dos filhos de Bolsonaro dizendo que talvez a Reforma da
Previdência não seja aprovada. Vejo isso como um risco, porém um ruído de
curto-prazo.
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