Mercados Globais – ECB: Leve guinada dovish. Alguma diferenciação entre as classes de ativos e regiões.
O
dia está se encerrando com os mercados locais basicamente seguindo o roteiro
daquilo que comentei hoje mais cedo (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/12/sinais-mais-positivos-continuam-mercado.html),
ou seja, com um bom desempenho da bolsa e do mercado de juros, mas um dia de
alta do dólar. Este último, além de ajudado pelo cenário local pós Copom,
empurrado por um ECB mais dovish que
tirou algum suporte do EUR, dando suporte ao USD, no mercado internacional.
Nos
mercados internacionais, a despeito de alguma estabilização de algumas classes
de ativos, como alguns ativos EM e algumas commodities, por exemplo, ainda
vemos uma enorme dificuldade em uma tendência um pouco mais firme para as
bolsas dos países desenvolvidos. A dinâmica parece confirmar que estamos diante
de um ambiente mais desafiador para esta classe de ativo e que nem mesmo movimentos
cíclicos melhores estão sendo capazes de superar um ambiente estrutural mais
desafiador.
No
Brasil, as vendas no varejo ficaram muito abaixo das expectativas, com queda de
0,4% no mês contra expectativas de alta de 0,1% e uma alta de 1,9% em relação
ao mesmo período do ano passado versus uma alta esperada de 3,2%. Os números de
hoje jogam um pouco de água fria nas esperanças de uma recuperação mais robusta
do crescimento do país no curto-prazo. A abertura do indicador também pode ser
classificada como negativa, pois todos os subsetores apresentaram números
fracos. Ainda não me parece ser o caso de uma revisão de cenário de crescimento
para 2019, mas certamente o impulso (ou o “momentum”)
de curto-prazo não é animador. As expectativas de crescimento do PIB em 2019 de
2% a 2,5% parem justas olhando de hoje. Um crescimento superior a 2,5% ainda me
parece ser um cenário distante.
O
ECB, como era amplamente esperado, anunciou a manutenção de sua política
monetária inalterada este mês. Também como o esperado, anunciou o fim do QE em
dezembro.
A
despeito de não ter anunciado nenhuma novidade concreta, o tom da coletiva de
imprensa e das revisões de crescimento e inflação foi claramente mais dovish do que o esperado, o que ajudou
um movimento intraday de queda do EUR,
fechamento de taxa de juros na Europa e algum suporte aos ativos de risco
globais.
O
Morgan Stanley comentou de maneira resumida e concisa o evento de hoje:
Despite a downwardly
revised growth and inflation outlook, the central bank has confirmed
that QE will stop at year-end. Risks to growth are still balanced, but what's new is that now the ECB
sees them as moving to the downside. While no passive 'operation twist'
has been announced at this meeting, the balance-sheet forward guidance has been strengthened.
What are the next
policy moves? We didn't get any
announcement of extra long-term refinancing operations (LTROs) for banks at
this meeting, although President Mario Draghi said that they were mentioned
within the Governing Council. We do see up to two-year LTROs indexed to the refi rate towards
the middle of 2019. And the 15bp depo rate hike to -0.25% we forecast for next
October should be supportive for banks' margins.
Voltando
as perspectivas para os mercados, o evento de hoje adiciona apenas mais uma
pitada de alívio de curto-prazo. Estamos definitivamente saindo de um tema de
investimento, mesmo que de curto-prazo, de normalização monetária, aperto de
juros e risco de aceleração deste processo, para um ambiente em que a política
monetária ainda precisa ser normalizada, o risco de aceleração deste processo
acaba sendo contido pelos eventos recentes, mas não há perspectivas de revisão
desta normalização monetária no mundo desenvolvido.
Este
ambiente pode vir a ser mais construtivo, no curto-prazo, de maneira tática,
para algumas classes de ativos, como os ativos emergentes, commodities, crédito
e etc, que haviam sofrido uma forte reprecificação e ajuste de posição ao longo
do ano. Contudo, este equilíbrio continua sendo instável, pois o mercado começa
a entrar em uma dinâmica de receio de desaceleração mais acentuada do mundo.
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