Dinâmica mais calma. Ainda há sinais de fragilidade. Crédito no Brasil e desvinculação do orçamento.


Os ativos de risco tiveram uma noite mais calma, após o forte rally dos mercados nos EUA na tarde de ontem (https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/12/alta-volatilidade-externa-mercado-fecha.html).

A despeito de um “price-action” mais saudável, ainda há claros sinais de fragilidade e de “late cycle”, como é o caso da apreciação de moedas como o JPY e o CHF, além de uma alta apenas moderada e mista das bolsas da Ásia em geral.

No Brasil, destaque para matéria do Valor que comenta a possibilidade de desvinculamento do Orçamento: https://www.valor.com.br/politica/6041109/pec-buscara-desvinculacao-do-orcamento. Este seria mais um passo importante dentro das promessas que já vinham sendo sinalizadas pelo grupo de Paulo Guedes. Coloca este projeto em prática não será simples, mas é um sinal adicional de esforça para adequar as contas públicas nacionais a uma nova realidade.

Ontem, os dados de crédito divulgados pelo Banco Central mostraram mais uma rodada de recuperação deste mercado, com queda nas taxas de juros e spreads, retomada das concessões e redução da inadimplência. Os bancos públicos continuam reduzindo sua participação em detrimento aos bancos privados, em um processo extremamente saudável. A recuperação do mercado de crédito é um pilar importante para a retomada do crescimento do país em 2019.

Em relação aos ativos de risco, tenho ganhando convicção na possibilidade de um dólar estruturalmente mais fraco, especialmente contra algumas moedas do G10. Além de um mercado tecnicamente comprado em dólar, as métricas de valuation mostram a moeda americana sobre valorizada. Para completar, podemos começar a vivenciar um cenário em que o diferencial de crescimento e juros comece a ser fechado entre os EUA e o resto do mundo. Este é um tema importante de crescimento, que precisará ser aprofundado nos próximos dias e semanas.

A agenda do dia será um pouco mais esvaziada, com destaque para a Taxa de Desemprego no Brasil e alguns dados do Setor Imobiliário nos EUA.

Continuo em busca de posições relativas e hedges para os portfólios. No Brasil, gosto das estratégias que podemos cunhar de “barbel”, ou seja, uma parcela relevante dos portfólios em crédito privado com retornos maiores e um percentual interessante em renda variável e na curva longa de juros reais. Para completar, algum hedge na compra do dólar contra o BRL. Assim, temos uma parcela relevante com menos volatilidade de mercado (porém risco de crédito) com retornos interessantes e uma outra parcela com mais volatilidade porém potencial elevado de retornos.

No portfólio externo, para o longo-prazo, alguns bonds EM e HY já fazem sentido em termos de taxa para quem pretende carregar os papéis. Teremos volatilidade. Algumas ações fazem sentido. Como hedge e complemento de portfólio, gosto de posições vendidas em dólar contra algumas moedas (CHF, JPY, GBP), compra de ouro e posição tomada em spreads de países da periferia da Europa.



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