Fed em Foco
Os ativos de risco estão apresentando recuperação, na ausência de novidades relevantes no cenário. O movimento é natural, após dias consecutivos de pressão negativa, mas ainda longe de representar uma estabilização mais estrutural ou mudança de tendência.
Tecnicamente, pegando o S&P500 como parâmetro, conseguir segurar na barreira de 2.530-2.550 seria um nível importante, patamar o qual está testando desde o começo da semana.
Fundamentalmente, o destaque total ficará para a reunião do FOMC nos EUA. Acredito que o Fed irá elevar as taxas de juros em mais 25bps, como é amplamente esperado e precificado pelo mercado (hoje a probabilidade no mercado gira em torno de 70% deste cenário). Contudo, o Fed deverá apresentar algumas revisões baixistas em sua previsão de juros para 2019, colocando o peso desta mudança na piora das perspectivas externas e no aperto das condições financeiras. Não vejo, neste momento, a necessidade de alterações nas previsões para o crescimento e para a inflação no país, cujos dados continuam mostrando uma economia saudável, mesmo que em ritmo um pouco inferior ao que se via há alguns meses atrás. Powell deverá sinalizar mais flexibilidade na politica monetária do pais nos próximos meses.
A despeito desta expectativa de um Fed mais dovish, não tenho certeza de que isso será o suficiente para estabilizar estruturalmente o mercado. Primeiro, porque o mercado já se ajustou para este cenário, após a curva de juros nos EUA precificar apenas cerca de 1 alta de 25bps ao longo de 2019 após a provável alta de 25bps na reunião de hoje. Segundo, pois além de bancos centrais menos duros, a questão do crescimento global parece estar dominando os receios do mercado neste momento. Terceiro, por mais que observemos alguma estabilização hoje, ainda tenho cautela com as perspectivas para este final de ano. A sazonalidade não favorece a tomada adicional de risco, já que os investidores estão, no geral, com desempenho ruim no ano e sem poder para tomada adicional de risco nos portfólios.
No Brasil, estamos à mercê deste panorama internacional, por mais que continuemos a apresentar um desempenho relativo mais positivo. O fluxo de noticias locais está meio esvaziado. A mídia segue buscando das ênfase na agenda econômica, na formação do novo governo e em eventuais ruídos que já circundam o quadro político, como é natural no pais.
Não vejo mudanças substanciais no quadro de crescimento mais robusto em 2019, melhora gradual do emprego e da renda, inflação sob controle, juros estáveis no horizonte relevante de tempo, cotas externas saudáveis e questões fiscais que precisarão ser endereçadas de maneira urgente. Nesta frente, acredito que a agenda após o carnaval será fundamental para que o mercado não abandone as expectativas positivas de aprovação das reformas.
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