Risk-off! Fuga dos EUA.

Os ativos de risco tiveram ontem mais um dia de forte pressão negativa, liderados por quedas de quase 3% dos índices de bolsa dos EUA. Relevante apontar que observamos uma queda do dólar e um movimento não desprezível de fechamento de taxas de juros, com a parte curta da curva acelerando o movimento na iliquidez do final da tarde. 

Neste noite, o Nikkei, no Japão, apresentou queda de quase 5%. Os ativos emergentes apresentaram desempenho relativo menos negativo. O EWZ (ETF de Brasil em NY), por exemplo, apresentou queda de cerca de 1,4%. A queda do dólar pode estar ajudando a dar algum suporte aos ativos EM, assim como a posição técnica relativa, o nível de preços e o pano de fundo econômico/politico.

Estes movimentos me parecem uma resposta clássica do mercado aos recentes eventos nos EUA. Os investidores parecem estar sinalizando que algo está (muito) errado no país e respondem com uma fuga de capitais. 

Neste momento, não consigo vislumbrar ao certo o que dará suporte de fato aos ativos de risco. Uma combinação dos seguintes vetores me parece necessário: Primeiro, precisaremos ver uma mudança de postura clara e concreta dos bancos centrais, revertendo o aperto de liquidez. Segundo, precisaremos de dados econômicos mais positivos, mostrando estabilização ou reversão da tendencia de desaceleração do crescimento global. Terceiro, os preços e valuations precisarão mostrar apelo mais atrativos. Quarto, a posição técnica precisará se mostra mais saudável.

Reforço minha visão de que parece haver algum exagero de curto-prazo, mas que o cenário estrutural segue extremamente desafiador e mais negativo. Não descarto algum "rebound” pontual no início do novo ano, que pode até ser acentuado e rápido, mas me parece claro que 2019 será mais um ano de volatilidade, posições mais táticas do que estruturais, "plays”relativos e portfólios mais defensivos no geral.

Nos EUA, o “Shutdown”segue sem definição. Um leilão de Treasury 2 anos ontem apresentou baixíssima demanda. A postura do Secretário do Tesouro em tentar acalmar o mercado acabou agindo de maneira oposta, piorando ainda mais a situação dos mercados.

A China anunciou que irá implementar medidas adicionais de suporte a economia (https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-12-25/china-vows-more-support-for-private-sector-buffeted-by-slowdown?srnd=premium). A sinalização é positiva. Contudo, existe hoje no mercado a sensação, ou a indagação , de que talvez o poder dos instrumentos existentes não sejam suficientes para evitar uma desaceleração adicional da economia.

Não há novidades relevantes no Brasil. A pesquisa Focus do BCB divulgada ontem mostrou nova queda das expectativas de inflação. Continuo acreditando que o evento mais importante dos próximos meses será os sinais emitidos da articulação politica para a aprovação das reformas econômicas, o que deve ocorrer apenas após o Carnaval. 

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