Brasil: Copom confortável. Juros baixos por mais tempo.


Os ativos de risco mantiveram o tom positivo ao longo do dia, a despeito de algum arrefecimento no período da tarde. Confesso que ainda vejo a dinâmica das bolsas nos EUA com certa preocupação, mas mantenho minha expectativa de alguma estabilização dos ativos de risco no curto-prazo.

No final da tarde, na Inglaterra, Theresa May sobreviveu ao voto de confiança no Parlamento, ganhando algum poder político para aprovar o Brexit. A Libra (GBP) apresentou alta de 1% e acabou ajudando a dar um tom de dólar mais fraco mundo. Por ora, o desenrolar do Brexit está em linha com minhas expectativas de um caminho tortuoso e incerto, mas com um desfecho que deva ser favorável. Meu nível de convicção era baixo, mas os eventos recentes elevaram as chances deste cenário.

No Brasil, como era amplamente esperado, o BCB manteve a Taxa Selic estável em 6,5%. As alterações promovidas no comunicado, contudo, devem levar a uma leitura “dovish” da sinalização apresentada, favorecendo um movimento de fechamento paralelo da curva de juros, talvez expressivo.

As previsões de inflação atualizadas do Copom estão muito baixas, abaixo daquelas esperadas pelo mercado e condizentes com uns juros baixos por bastante tempo. Não descarto, inclusive, que o mercado comece a debater de maneira mais concreta a questão de juros neutros mais baixos de maneira cíclica no país, que pode se tornar estrutural caso as reformas econômicas sejam aprovadas.

Eu não vejo grandes assimetrias na parte curta e intermediária da curva de juros, mas entendo que deveremos ver um fechamento das taxas em reação a decisão do Copom. Talvez até mesmo um fechamento expressivo. “Ceteris paribus” o cenário base, neste momento, e de que o mercado volte a reduzir os prêmios de risco de alta de juros nos próximos meses e ano. A aprovação das reformas econômicas pode vir a ajudar a ter uma relevante revisão dos juros neutros de longo-prazo e consequente fechamento relevante da parte longa das curvas de juros reais e nominais.

Nos EUA, o Core CPI ficou dentro das expectativas do mercado. O mesmo eu escrevi ontem sobre o Core PPI pode ser repetido para os números de hoje: Se não há sinais muito claros de aceleração da inflação, tampouco existem sinais de um arrefecimento mais acentuado dos preços. Assim, ficamos diante de um cenário de inflação ainda firme, em um ambiente de expectativas de um crescimento mais moderado à frente.

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