Aumentando os riscos para o cenário global.


Há algum tempo sou mais cauteloso com o cenário estrutural para ao mundo e o desempenho geral dos ativos de risco. Tentei ficar taticamente mais otimista nos últimos dias mas abandonei essa visão na manha de hoje (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/12/risk-off-china-em-foco.html).

Os números divulgados pela China ligam um alerta ainda maior para o crescimento global e foram seguidos por dados de PMI mais fracos na Europa e EUA. Estou elevando minha preocupação e minha cautela em relação a China, Europa e adjacências em alguns “notches” hoje. É natural que pela relevância dessas regiões para o mundo haja contágio econômico e financeiro caso o cenário de fato esteja se alterando.

Se os ativos de risco e, em especial, as bolsas DM, não conseguiram apresentar uma recuperação com notícias marginalmente mais positivas nas últimas semanas (Fed e ECB mais dovish, “cessar-fogo” entre EUA e China, entre outros) não vejo motivos para esperar ou testar recuperações cíclicas em meio a um cenário estrutural claramente mais negativo (menor liquidez global, claros sinais negativos para o crescimento ex-EUA, problemas idiossincráticos em vários países e etc).

Mantenho a cautela e a recomendação de um portfólio líquido, com mais plays relativos do que direcionais e a busca por hedges assimétricos caso o mercado de fato esteja entrando em uma dinâmica mais negativa.

Em termos de ativos, ainda gosto de estar alocado em Brasil via o mercado de renda variável, eventualmente com estruturas de opção com perdas limitadas ou em setores mais ligados a economia doméstica. Usaria o BRL como hedge. Vejo espaço para compressão dos prêmios da curva de juros. O mercado local de crédito parece uma opção viável para este cenário, já que o setor corporativo, na média, aproveitou os últimos anos para desalavancar e melhorar as condições de seus balanços.

No mundo, olharia hedges como Short CNY, Long JPY, Long Gold. Gosto de vender o AUD em eventuais rallies, assim como o S&P. Não sou fã do mercado de renda variável DM, neste momento, e muito menos do mercado de crédito. Alguns plays entre setores, como Defensives vs Cyclicals, Value vs Mometum, e etc podem fazer sentido.

Em termos econômicos, observamos hoje números mais negativos de crescimento na China e PMIs mais fracos na Europa e EUA. Nos EUA, em especial, as vendas no varejo e a produção industrial ainda mostram um cenário de crescimento saudável da economia, o que impede uma mudança radical de política monetária por parte do Fed. Isso hoje, por mais contra intuitivo que possa parecer, se tornou um problema para o bom desempenho dos ativos de risco em meio a uma redução global de liquidez. As vendas de automóveis na Europa também ficaram abaixo das expectativas, em mais um sinal de alerta para o crescimento mundial.

No Brasil, os meios de comunicação estão continuando a dar enfoque as acusações sobre um dos ex-assessores de um dos filhos de Jair Bolsonaro. Além disso, surgem acusações – por parte da mídia – de eventuais “mensalinhos” pagos por outros membros ou ex-membros dos gabinetes do clã Bolsonaro. Não estou fazendo juízo de valor sobre o tema, acusando ou defendendo este ou aquele, mas apenas apontando o que está sendo vinculado na mídia. Com o final de semana, os periódicos semanas devem explorar ainda mais o assunto. Por ora, ainda não há um impacto efetivo deste episódio em termos políticos ou de popularidade do presidente eleito, mas é um tema a se acompanhar.


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