Humor do mercado: "Sell the rallies"


O dia trouxe um pouco de mais do mesmo. Em termos econômicos, dia de poucas novidades.

Na Alemanha, o IFO – um dos indicadores de confiança mais importantes de toda a Europa – ficou levemente abaixo das expectativas, mostrando um cenário de desaceleração, mas ainda não de recessão. O que preocupa o mercado é a derivada do crescimento, ou o seu “delta”, já que a despeito de ainda longe de uma potencial recessão, não há sinais de estabilização. A tendência parece ser de desaceleração do crescimento em uma das economias que ainda era o último pilar de sustentação da região. Hoje, não há vetores claros ou óbvios de sustentação para uma eventual estabilização deste cenário.

Nos EUA, o Housing Starts ficou acima das expectativas, com alta de 3,2% em novembro.

Após uma manhã de maior tranquilidade, vimos mais um dia de dinâmica ruim dos ativos de risco na parte da tarde, basicamente liderada por uma queda em torno de 7% no petróleo, o que acabou puxando as bolsas norte americanas para baixo. Na ausência de novidades econômicas, me parece que o técnico está ditando a dinâmica do mercado, em meio a um período sazonalmente complicado de final de ano.

No Brasil, destaque para a Ata do Copom. Os parágrafos 14, 15 e 22 são menos dovish do que o comunicado pós Copom, pois apontam para os riscos em torno do cenário base de forma mais incisiva. A Ata não muda o cenário de juros estáveis no horizonte relevante de tempo, mas mostra um BCB desconfortável com a reação do mercado pós Copom.

Assim, tivemos um dia de abertura de taxa de juros, com leve viés de “steepening” da curva. Continuo vendo um risco/retorno ruim na parte curta e intermediária da curva. Há prêmios nos vértices longos das curvas nominais e reais, mas um fechamento de taxa mais acentuado demandará um avanço concreto da agenda de reformas.

Nesta frente, me deixou um pouco desconfortável a pesquisa realizada pela XP Investimentos em que mostrou um consenso no mercado em torno do avanço das reformas e do bom desempenho dos ativos locais em 2019. Este tipo de consenso gera um aumento do risco de frustração caso a agenda econômica não avance e/ou o cenário externo atropele o cenário local.

O BRL seguiu trajetória de depreciação, mostrando que ainda há fluxo de saída do país mesmo com o dólar mais estável no mundo. Me parece que dólar virou o hedge predileto dos investidores. Digo isso não apenas pelo seu desempenho, como pelas evidências concretas que temos do nosso acompanhamento dos fundos locais.

Em suma, sigo cauteloso e desconfortável com o cenário externo. Para não soar repetitivo, minhas visão nesta frente pode ser vista aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/.

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