Japão: BoJ Strikes Back!
Em uma decisão surpreendente (não esperada pelo mercado), o BoJ, no Japão, anunciou um corte de sua taxa básica de juros, de 0,1% para -0,1% (tecnicamente, o corte é menos potente do que aquele anunciado pela Europa, vide abaixo). A decisão foi dividida, com 5 votos a favor e 4 votos contrários. Segundo o estrategista da ML:
This sounds like a "weak-form" of the ECB's negative deposit rates. It will not be blanket negative rates by only to excess reserves over and above existing balance, required reserves and adjustment (macro add-on) made for additional QQE purchases - so as mentioned above, effectively to excess reserves accumulated from here. It is obviously a surprise and will put downward pressure on front-end rates. But for FX, the key question is whether this can materially reduce real interest rates across the curve (through lower nominal rates and higher inflation expectations) - in other words, can it credibly stimulate the economy and inflation. That is less clear at the moment. Also, it's notable that they chose to adopt a finely-balanced decision for negative rates, as opposed to increasing JGB purchases and expanding balance sheet. Suggests the BoJ might be more skeptical about their capacity and effectiveness of further QQE.
Os ativos de risco, até o momento, estão reagindo de maneira clássica: Alta das bolsas e das commodities, dólar fraco contra EM e HY, mas forte contra G3, e fechamento global de taxas de juros.
Tecnicamente, o mercado havia ficado excessivamente negativo com o cenário econômico global, com posições Long EUR e JPY, e Short EM e HY. No curto-prazo, com a sinalização dada pelo Fed e pelo ECB, e com a atuação mais agressiva do PBoC e do BoJ, é natural observarmos um período de estabilização dos ativos de risco. O grande problema do mundo hoje, contudo, a fragilidade da economia da Ásia (e da China, em especial) ainda não foi debelada. O governo chinês pode ser capaz de suavizar os movimentos no câmbio no curto-prazo, como tem feito nos últimos 15 dias, mas os ajustes de preço são inevitáveis no longo-prazo. Assim, espero um período de menor agitação no curto-prazo, mas tendo em mente que os problemas estruturais do mundo ainda precisam ser equacionados. Vejo espaço para a depreciação especialmente do EUR e do JPY, cuja a posição técnica me parece mal amparada para a “nova” postura do ECB e do BoJ.
No Brasil, a curva de juros pode continuar a se favorecer deste ambiente externo, assim como o BRL e o Ibovespa, mesmo que meu cenário ainda seja extremamente negativo para o país. Segundo Claudi Safatle, do Valor:
Está encerrado o ciclo de aumento da taxa básica de juros, conforme indicação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem. Foram quase três anos de aumento da Selic que saiu de 7,25% ao ano em abril de 2013 para o patamar atual. A tendência que se desenha agora é de o Banco Central deixar a taxa estável em 14,25% ao ano por algum tempo, até que a queda da inflação se consolide e permita o corte dos juros. O BC contava com uma redução de 2 pontos percentuais na inflação acumulada em 12 meses, durante o primeiro trimestre deste ano, mas reviu essa estimativa mais recentemente para 1,5 ponto percentual, o que deverá levar a variação do IPCA dos 10,67% apurados em dezembro para cerca de 9% em março, um nível ainda muito elevado. Com o mundo estranho como está, a decisão do Copom de manter os juros inalterados na semana passada está sendo considerada acertada pelos analistas do mercado. O Federal Reserve Bank (banco central americano) fez o mesmo esta semana. O que ficou fora de esquadro foram as comunicações oficiais do BC, tanto a do Copom após a reunião de novembro quanto a do presidente do BC na terça feira da semana passada, em que Tombini aproveitou um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) para avisar o mercado que o comitê não aumentaria os juros. Entre novembro e a semana passada as autoridades do BC induziram o mercado a crer no aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros.
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