Aversão a risco ainda predomina.

A dicotomia entre a economia dos EUA e do resto do mundo ficou ainda mais evidente hoje. O ADP Employment mostrou mais um mês robusto de criação de vagas de trabalho (257k), acima das expectativas do mercado. O ISM Non-Manufacturing apresentou leve queda, mas manteve-se em patamar consistente com um crescimento saudável para os padrões atuais da economia norte americana. O Durable Goods Orders e o Trade Balance não alteraram de forma significativa as expectativas de um crescimento mais moderado no final de 2015.

De maneira geral, a economia americana continua mostrando sinais de moderação, mas longe da fragilidade demonstrada em outras regiões do mundo como, em especial, na Ásia. Os números de hoje deveriam afastar os riscos de uma desaceleração mais rápida, acentuada e coordenada da economia global. Contudo, os investidores continuam focados em problemas pontuais, como a depreciação do CNY, o conflito político/diplomático no Oriente Médio e o sucesso do teste nuclear na Coréia do Norte. Não vejo motivos para um pânico mas profundo. Contudo, a reversão do pessimismo de curto-prazo irá demandar sinais mais consistentes de estabilização da economia global, ou o arrefecimento desses ruídos pontuais e localizados.

Os ativos do Brasil tiveram mais um dia de desempenho melhor do que os seus pares, em especial no mercado de juros. Acredito que fluxos pontuais estejam distorcendo o mercado. Contudo, vejo um crescente coro de investidores acreditando que o BCB não precisa (e não irá) promover um ajuste agressivo de juros, com alguns até acreditando que o BCB não irá elevar os juros na próxima reunião do Copom.

Vemos sinais preocupantes na inflação de curto-prazo e na inflação para 2016. As expectativas do RI mostraram pioras significativas. O cenário fiscal apresentou piora considerável nas últimas semanas. O BCB não vê dominância fiscal e vem sinalizando para a necessidade de um ajuste de juros. Assim, espero que o BCB eleve a Selic na próxima reunião do Copom, mas o ciclo total de ajuste me parece em aberto. Não vejo prêmios na curva local de juros que justifiquem posições aplicadas. Vou rever minha visão após uma eventual comunicação oficial diferente daquela que vem sendo transmitida pelo BCB.


No que tange o crescimento, os sinais ainda são desoladores. De acordo com nossa área econômica: Vendas da Fenabrave continuam fracas, sem sinal de reversão. As variações ano/ano continuam bastante negativas, em especial o segmento de “ônibus e caminhões”, o qual é bastante correlacionado com investimentos.

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