Aversão a risco
Os ativos de risco ameaçaram uma estabilização ao longo da
manhã, após o segundo dia consecutivo de apreciação do CNY, mesmo após a forte queda das bolsas chinesas. Contudo, neste
momento, voltaram a operar sobre forte pressão. O destaque especial fica por
conta das commodities, com o Petróleo caindo cerca de 6,5% e o Cobre em queda
de 2,5%. A aversão a risco está sendo generalizada, em um movimento clássico de
“risk-off”.
No atual nível dos mercados, não podemos descartar movimento
pontuais de “relief rally”, como
observado esta manhã. Contudo, fica cada vez mais evidente que uma
estabilização mais persistente dos ativos de risco irá demandar no mínimo, um
dos seguintes eventos: (1) sinalização mais concreta de suporte dos policy makers, (2) sinais mais evidentes
de estabilização da economia mundial, (3) uma política cambial mais
transparente na China.
Os sinais emitidos pelo governo chinês, por hora, são pouco
encorajadores. Segundo fontes oficiais, o governo manterá uma política
monetária e fiscal acomodatícia, mas não podemos esperar grandes pacotes
econômicos e, muito menos, uma recuperação em “V” da economia. As evidencias
apontam para uma recuperação econômica em “L”, e o governo, pelo menos no
curto-prazo, confortável com este cenário.
Nos EUA, o Labor
Market Condition Index apresentou alta de 2,9 em dezembro, acima das
expectativas de 0,0 e após revisão altista do mês anterior, de 0,5 para 2,7. O
número reforço o cenário de um mercado de trabalho bastante robusto no país. Os
discursos recentes de membros do Fed continuam em linha com a continuidade de
um processo gradual de alta de juros. Até o momento, o Fed não parece comovido
com os recentes movimentos de mercado. Vale ressaltar, contudo, que as condições
monetárias no país sofreram forte aperto nos últimos dias, o que levou o
mercado a precificar menos de 2 altas de 25bps nos Fed Funds esse ano e menos
de 4 altas de 25bps até o final de 2017. O Fed parece apenas administrando
estas expectativas, já que a continuidade dos atuais movimentos será um vetor
relevante para a economia em pouco tempo.
O Brasil continua a
mercê do cenário externo no curto-prazo. Eu continuo vendo com preocupação os
movimentos recentes do governo. A mídia vem ventilando a possibilidade de
aumento da oferta de crédito pelos bancos públicos, já se fala em usar as
reservas cambiais como meio de reduzir a dívida bruta do país, e a pressão
sobre a política monetária do BCB continua elevada. Nenhuma dessas mensagens
costuma ser positiva para os fundamentos de longo-prazo de um país,
especialmente em meio a uma crise externa e uma crise interna.
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