Relief Rally: Fast, Short and Not Furious

Os ativos de risco ameaçaram, mais uma vez, uma reação positiva mas, neste momento, já operam sobre forte pressão. A narrativa do mercado continua a mesma, na ausência de grandes novidades no cenário econômico.

Os estoques de petróleo apresentaram mais uma forte elevação, o que acabou invertendo um movimento em torno de 3% de alta no preço da commodity. A queda rápida e acentuada atingiu o mercado de equities nos EUA e Europa, voltando a colocar um tom negativo no cenário, com bolsas e commodities metálicas em queda, alguma pressão sobre os países emergentes e com um fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido, mesmo em um dia em que a AB Inbev anunciou um oferta de cerca de US$46bi de dívida corporativa, o que geralmente colocar pressão altista nas taxas das Treasuries.

No Brasil, continuamos a viver uma dicotomia. Por um lado, o Ibovespa não mostra nenhum sinal de recuperação, ou de simples estabilização. A curva de juros vem operando nos highs de steepening entre os vértices mais longos e os mais curtos, mas o BRL continua sendo destaque positivo de desempenho entre os seus pares.

O fluxo cambial mostrou uma saída não desprezível de recursos do país neste começo de ano, o que torna o movimento do BRL ainda mais difícil de se explicar. Muitos acreditam que a força da balança comercial será capaz de conter o movimento de depreciação da moeda. Eu respeito o argumento, mas acredito que a força dos fluxos financeiros, diante de uma enorme fragilidade econômica local, em um cenário externo extremamente desafiador, deveria se sobrepor a força da balança comercial. Em linhas gerais, ainda vejo um BRL mais depreciado ao longo deste ano.

A curva curta de juros precifica altas de 45bps+43bps+27bps+20bps nas próximas reuniões do Copom, e um ciclo total de alta de juros em torno de 200bps. Acredito que a curva esteja bem precificada. Não vejo assimetrias que justifiquem posições relevantes neste mercado. As NTNBs me parecem um ativo razoável para aqueles com visão de preservação de capital e visão de médio-prazo, mas correm o risco de market-to-market de um eventual movimento de risk-off mais acentuado nos ativos do Brasil.


Continuo preocupado com a péssima dinâmica dos ativos de risco ao redor do mundo. A China tem feito um imenso esforço para conter o movimento de queda do CNY e das bolsas do país. Acredito que está atuação deveria ser positiva para suavizar os movimentos de ajuste dos ativos e dos fundamentos do país. Contudo, serão inócuos em mudar a direção dos mercados caso os fundamentos ensejem uma mudança estrutural de preço. Assim como o mundo “surfou” os anos de bonança de crescimento da China, o mundo agora pagará o preço da necessidade desses ajustes.

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