FOMC, BNDES e Tesouro.

Neste momento, os ativos de risco ainda estão bastante voláteis, digerindo o comunicado do FOMC. O Fed promoveu alterações relevantes em seu comunicado. Na minha visão, contudo, as mudanças promovidas eram necessárias e, de certa forma esperadas, diante da brusca alteração do cenário externo observada desde a última reunião do Comitê. Com a curva de juros norte americana precificando menos de uma alta completa de 25bps até o final de 2016, o comunicado pode ser lido, neste contexto, como neutro, se comparado as expectativas, mas dovish, se comparado ao comunicado anterior.

O grande “problema” da economia mundial hoje reside na Ásia, mais especificamente na China. Assim, apenas a equalização dos problemas nesta região será capaz de pacificar os mercados financeiros globais de maneira mais persistente e permanente.

A China anunciou uma série de medidas visando conter a saída de recursos do país nos últimos dias (vide matéria abaixo do WSJ). Não acredito que este tipo de medida resolva os problemas estruturais do país. Se existe uma pressão para a depreciação cambial, mais cedo ou mais tarde, a depreciação será inevitável. Apenas alguns exemplos recentes mostram isso, como a depreciação do RUB e do BRL, mesmo com fortes intervenções cambiais nestes países (sem contar o padrão ouro, Argentina, Tigres Asiáticos e etc). Conclusão: o governo fará de tudo para evitar movimentos bruscos na moeda, mas o problema só será totalmente resolvido após o CNY atingir seu novo patamar de equilíbrio. Medidas de “controle de capitais” funcionam apenas no curto-prazo, e tendem a ser mais custosas do que benéficas a longo-prazo:
Its latest steps involve curbing the ability of foreign companies in China to repatriate earnings, shrinking the pool of Chinese yuan available for banks in Hong Kong to make loans, and banning yuan-based funds for overseas investments, people with direct knowledge of the matter said.
Os dados econômicos dos EUA, apesar de apontarem para uma desaceleração, ainda mostram uma economia saudável. O New Home Sales, ajudado pelo clima mais ameno em dezembro, apresentou alta de 10,8% para 544k, muito acima das expectativas de 500k.

No Brasil, os números de crédito de dezembro mantiveram a tendência que vem sendo regra nos últimos meses: concessões menores, spreads e taxas mais elevadas (mas com moderações recentes) e inadimplência em alta.

O destaque do dia ficou por conta de uma operação entre o BNDES e o Tesouro que, aparentemente, gerou uma venda de dólares de cerca de R$27bi em cerca de 20 dias. Esta operação  explicar grande parte da overperformance do BRL em relação a seus pares nos últimos dias (caso a leitura dessa operação esteja correta). Espero que essa performance relativa seja revertida nos próximos dias.


O governo está colocando grandes expectativas na reunião do “Conselhão” agendada para amanhã à tarde. Eu espero que o evento será mais uma tentativa frustrada de implementar medidas antigas, de sucesso questionável e pouco efetivas.

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