Brasil: Governo quer usar bancos públicos para injetar R$ 50 bilhões na economia

O resultado da Apple, divulgado no inicio da noite de ontem, não impressionou o mercado. A empresa decepcionou as expectativas em quase todas as linhas de negocio. A empresa espera a primeira queda nas vendas de iPhone em mais de 10 anos. Os comentários do CEO, em relação aos sinais de fraqueza verificados na China no inicio deste ano, também não ajudam o humor global a risco, em um momento de elevada incerteza no cenário econômico. A ação da empresa cai cerca de 3% nas bolsas da Europa essa manhã.

Nos EUA, a API sinalizou para mais um forte acumulo de estoques de petróleo e derivados, colocando nova pressão no preço da commoditiy deste o começo da noite de ontem. Todas as atenções estarão voltadas para a reunião do FOMC na tarde de hoje. O mercado hoje precifica menos de uma alta total de 25bps nos juros ao longo deste ano. O Fed será obrigado a fazer um market-to-market para o cenário de (menos) inflação e de (menor) crescimento, mas dificilmente irá embarcar em um sinal muito mais dovish. Qualquer sinal diferente deste, que já me parece ser o consenso do mercado, poderá ter impacto relevante nos ativos de risco.

No Brasil, Valdo Cruz, da Folha, afirma que o governo irá anunciar, na reunião do “Conselhão”, na quinta-feira, um pacote de cerca de R$50bi de crédito para a economia. Eu não vejo este caminho com bons olhos. Este modelo já foi utilizado no passado (crise de 2008), sem sucesso, e com consequências desastrosas para a economia no longo-prazo. Confirmado o anuncio, seria mais um passo na direção de uma política econômica mais heterodoxa desde a mudança do ministro da fazenda. Os ajustes estão sendo feitos de maneira gradual e suave, sem uma guinada brusca à esquerda. Contudo, é inegável o caminho que o governo está trilhando, na minha visão, um caminho errado e extremamente perigoso. Podemos chamar este pacote como “ A Pedalada, da Pedalada”!


Na busca de tentar fazer a economia voltar a crescer ainda no final deste ano, o governo Dilma planeja lançar linhas de crédito em torno de R$ 50 bilhões por meio de bancos públicos para setores como construção civil, exportador, bens de capital e micro e pequenas empresas.
O valor, que será anunciado pela presidente nesta quinta-feira (28) na reunião do Conselhão, ainda não está totalmente fechado e depende de ajustes finais.
Não está definido, por exemplo, se o governo vai mesmo lançar nesta semana o uso de parte da multa do FGTS como garantia para crédito consignado de trabalhadores do setor privado.
Entre as linhas de crédito que serão anunciadas na quinta, o governo vai destinar cerca de R$ 10 bilhões para a construção civil com recursos do FGTS, que garante taxas de juros mais baixas do que as de mercado.
Parte desses recursos virá do pagamento no final do ano passado dos passivos das pedaladas fiscais. Esse acerto reforçou o caixa do fundo em R$ 22,5 bilhões no fim de 2015.
O Planalto definiu o setor de construção civil como uma das prioridades nas medidas de estímulo à economia como forma de tentar reduzir o aumento do desemprego.
O principal foco das linhas de crédito para construção civil é a área de habitação, com liberação de recursos do FGTS para construtoras que tocam obras do programa Minha Casa, Minha Vida.
O governo também anunciará reforço de linhas de crédito para o setor agrícola, na casa de R$ 10 bilhões, por intermédio do Banco do Brasil.
Outros setores que serão contemplados com oferta de crédito, a taxas mais baixas do que as de mercado, são: micro e pequena empresa, exportadores e fabricantes de máquinas e equipamentos.
Estes setores serão beneficiados por meio de linhas de crédito do BNDES, que podem ficar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. Estes empréstimos terão correção pela TJLP (Taxas de Juros de Longo Prazo), hoje de 7,5%, mais um "spread" –a taxa final deve ficar entre 15% e 18%.
Outras linhas também estão em estudo pela equipe econômica e serão fechadas na volta da presidente Dilma do Equador.
REFORMAS
O governo deve anunciar que vai buscar aprovar três reformas (Previdência, Fiscal e administrativa) para garantir um equilíbrio das contas públicas de forma sustentável no médio e longo prazos.
O ministro Nelson Barbosa (Fazenda) dirá que pretende também criar um sistema de meta para os gastos públicos, com a adoção de limites para as despesas do governo federal.

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