Risk-On!
A semana terminou com um forte movimento de “risk-on”. Em um misto de posição
técnica, nível de preços, suporte dos principais bancos centrais ao redor do
mundo, e dados econômicos mais positivos nos EUA acabaram sendo importantes
pilares para o movimento de hoje.
Eu mantenho minha visão expressa neste fórum pela manhã: Tecnicamente, o mercado havia ficado
excessivamente negativo com o cenário econômico global, com posições Long EUR e
JPY, e Short EM e HY. No curto-prazo, com a sinalização dada pelo Fed e pelo
ECB, e com a atuação mais agressiva do PBoC e do BoJ, é natural observarmos um
período de estabilização dos ativos de risco. O grande problema do mundo hoje,
contudo, a fragilidade da economia da Ásia (e da China, em especial) ainda não
foi debelada. O governo chinês pode ser capaz de suavizar os movimentos no
câmbio no curto-prazo, como tem feito nos últimos 15 dias, mas os ajustes de
preço são inevitáveis no longo-prazo. Assim, espero um período de menor
agitação no curto-prazo, mas tendo em mente que os problemas estruturais do
mundo ainda precisam ser equacionados. Vejo espaço para a depreciação
especialmente do EUR e do JPY, cuja a posição técnica me parece mal amparada
para a “nova” postura do ECB e do BoJ.
Para ajudar ainda mais o humor do
mercado do longo desta sexta-feira, observamos dados de atividade econômica e
confiança nos EUA que mostraram um
crescimento ainda saudável, mesmo que mais brando do que no ano passado. O PIB
do 4Q apresentou alta de 0,7% QoQ anualizado, em linha com as expectativas da
Bloomberg, porém melhor do que expectativas mais negativas próximas a zero. A
surpresa positiva ficou por conta do Personal Consumption, com alta de 2,2% QoQ
Anual. O ECI apresentou alta de 0,6% no 4Q, em linha com o esperado. O
Chigaco PMI subiu fortemente, passando de 42,9 para 55,6 pontos em janeiro,
muito acima das expectativas de 45,3 pontos. O número tem mostrado volatilidade
excessiva e pouco poder de previsão para o crescimento da economia como um
todo. O Michigan Confidence saiu de 93,3 para 92,0, ainda em patamar robusto.
Em relação ao anuncio do BoJ esta
noite, gostaria de usar o comentário do DB em relação aos impactos sobre os
ativos de risco no médio-prazo. Comentários que estão em linha com a minha
visão:
China and global risk
appetite. Global
equity markets have this year shifted focus away from incremental central bank
dovishness to the outlook for growth and the particular risks emanating out of
China. Seen in this light, the impact of today’s BoJ announcement is not
unambiguously positive. BoJ easing may help Japanese growth at the margin. But
currency depreciations re-allocate global inflation rather than changing its
trajectory. China has this year signaled that it is no longer willing to
tolerate passive competitive devaluations from the rest of the world, implying
greater upward tolerance on USD/CNY to offset the strength in CNY/JPY. Risk
appetite is likely to be highly responsive to USD/CNY movements in coming days,
with the uncertainty around China’s transition into a new currency regime being
an important binding constraint to risk appetite so far this year. Greater
BoJ dovishness of course also puts greater pressure on other central banks as
well, with the ECB at the top of the list. Competitive devaluations are by no
means a zero sum game. They can be positive or negative depending on the
circumstances. Japan's actions and their currency spillover don't ease
the preeminent sources of global risk, and may exacerbate them.
Os ativos do Brasil seguiram a melhora do humor global a risco, sendo que
continuam com uma performance relativa muito melhor do que os seus pares. O
mercado, até o momento, está digerindo muito bem a nova postura do BCB, com
queda das inflações implícitas, flattening da curva de juros e bom
desempenho do BRL. O cenário externo e a posição técnica claramente estão dando
ímpeto a estes movimentos. Meu viés ainda é negativo em relação aos fundamentos
do país, o caminho que política monetária está tomando e os atuais níveis de
preço dos ativos locais. Mas entendo e respeito que o “tsunami” de melhora externa,
mesmo que pontual, acaba afetando o humor e os fluxos para os ativos locais,
mesmo que temporariamente.
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