Brasil: Lula no centro da Lava-Jato.

O destaque do final de semana ficou por conta da repercussão da nova fase da Operação Lava-Jato, de codinome “Triplo XXX”. A investigação colocou Lula e sua família no centro das investigações, causando uma série de especulações por parte da imprensa em relação às benesses recebidas pelo ex-presidente de algumas empreiteiras já investigadas pela Lava-Jato.

Confesso que tenha dúvidas em relação aos impactos dessa nova fase da Operação para os mercados financeiros locais. Por um lado, é inegável que a Lava-Jato está minando a imagem de Lula e do PT, o que reduz drasticamente as chances de uma reeleição do ex-presidente em 2018, ou da ascensão de um novo candidato petista. Este cenário poderia ser visto como positivo pelo mercado a longo-prazo.

Por outro lado, não sabemos qual será a reação do PT e da base aliada no Congresso às investigações. Existe um risco de Lula e o PT “partirem para o ataque”, adotando uma postura mais agressiva e populista, impedindo qualquer tipo de aprovação do ajuste econômico/fiscal e, até mesmo, forçando medidas ainda mais populistas e heterodoxas por parte do atual governo.

Por hora, me parece que estamos no “olho do furacão”, no cenário que eu considero ser um dos piores possíveis para a economia do país. Um governo eleito fragilizado, em um ambiente em que não existe apoio para o impeachment, mas também não existe maioria para aprovar qualquer tipo de reforma, hoje essencial para a sustentabilidade e solvência do país. Assim, o governo preocupa-se em se manter no poder, mas em um ambiente econômico que se deteriora a passos largos a cada dia que passa.

As recentes medidas adotadas pelo governo, como liberação de crédito, mudança nas bandeiras tarifárias, mudança repentina de postura por parte do BCB no tocante a política monetária, e proposta de “bandas fiscais”, me lembram muito a política econômica utilizada após a crise de 2008, apenas em magnitudes diferentes (pelo espaço mais reduzido existente hoje na economia). Estas medidas se mostraram, no passado, inócuas e com custos elevados para a economia no longo-prazo.

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