Risk-Off

O ano começou de forma agitada, com um movimento global de aversão a risco. Acredito que o movimento tenha sido exacerbado por questões pontuais e localizadas na China (vide abaixo), o que pode vir a criar oportunidades de investimentos ao longo dos próximos dias. De qualquer maneira, devido ao novo “circuit breaker” chinês, não podemos descartar uma venda ainda reprimida nos próximos dias. Por hora, o Brasil está apenas seguindo o humor global a risco, com o dólar mais forte, uma bolsa pressionada e juros apresentando fechamento de taxas. As condições econômicas e políticas do país, contudo, nos deixam em condições precárias para navegar um ambiente externo mais desafiador e volátil.

China -  As bolsas do país tiveram um dia de forte queda, ao mesmo tempo em que a moeda local apresentou mais uma rodada de depreciação. Alguns vetores podem ajudar a explicar o movimento das bolsas locais: (1) a possibilidade de uma nova rodada de IPO´s, (2) o fim do período em que os executivos e controladores de percentual elevado de algumas empresas estavam proibidos vender parte de suas participações, agendado para o dia 8 e (3) o início de um “circuit breaker” nas bolsas do país.

Eu vejo o cenário econômico chinês relativamente estável. A economia continua mostrando crescimento mais moderado e sem sinais consistentes de recuperação. Um crescimento de 7% do PIB virou teto, e podemos esperar um crescimento mais baixo do que isso ao longo do ano. Por hora, não há sinais de um ambiente mais negativo para a economia do país, mas tudo relativo a China requer cuidado e cautela. O país ainda me parece um grande risco baixista para o crescimento ao longo deste ano.

Oriente Médio – A Arábia Saudita, em conjunto com outros países do Golfo Persico, anunciaram o corte de relações diplomáticas com o Irã. Devido à importância geopolítica da região, assim como seus efeitos sobre o preço do Petróleo, os desenvolvimentos na região devem ser acompanhados de perto. Por hora, os últimos eventos não ajudam um humor global já comprometido.

EUA – O ISM Manufacturing caiu de 48,6 para 48,2 pontos, abaixo das expectativas de 49,0 em dezembro. O Construction Spending caiu 0,4% MoM em novembro, muito abaixo das expectativas de alta de 0,6% MoM. É evidente que o país passa por um momento de desaceleração do crescimento. As estimativas para o PIB do 4Q caíram abaixo de 1% anualizado. Por hora, a desaceleração ainda parece ser cíclica, mas cria um risco baixista para o Payroll a ser divulgado no final desta semana. Ainda vejo uma economia saudável, mas que deve apresentar ciclos mais curtos de crescimento e maior volatilidade dos dados econômicos.


Europa – O número final do Markit Manufacturing PMI de dezembro confirmou o bom momento da economia da região, com um crescimento estável, mesmo que ainda baixo (entre 1,5% e 2% anualizado). A inflação de dezembro na Alemanha, contudo, apresentou grande surpresa negativa, com queda de 0,1% MoM, muito abaixo das expectativas de alta de 0,2% MoM, o que acabou levando a alta de 0,4% YoY para 0,3% YoY, muito abaixo das expectativas de 0,6% YoY. O cenário de inflação na região ainda é preocupante e deve manter o ECB em direção diametralmente oposta ao Fed.

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