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Brasil – A curva local de juros precifica altas de 50bps+27bps+10bps nas próximas reuniões do Copom. A curva segue negativamente invertida, com o Jan21/Jan17 a -97bps, próxima ao piso recente. Acredito que o cenário base seja de uma alta de 50bps no próximo Copom, com uma pequena probabilidade de alta de 25bps e outra pequena probabilidade de um sinal mais claro de proximidade do final do ciclo. Neste cenário, depois de passado os ruídos da semana (Levy vs Barbosa), e com parte do ajuste fiscal aprovado pelo Congresso (MP´s 664,665 e 668), acredito que faça sentido manter uma posição aplicada na parte intermediária e longa da curva, especialmente frente a um cenário cada vez mais claro de recessão, deterioração do mercado de trabalho, aperto fiscal e creditício.  A assimetria da parte curtíssima da curva parece boa, a despeito da probabilidade de uma alta de 25bps hoje ser baixa. O “miolo” da curva (jan17) já embute bastante queda de juros no ano que vem, o que pode ser um limitador de performance no curto-prazo. Assim, mantenho a visão de uma duration mais longa (jan18, jan21) e operações específicas para o Copom (jul16 e opções de IDI).

No mercado de câmbio, o patamar de 3,05-3,15 foi, pelo menos por hora, rompido. Mantenho minha visão estrutural altista para o USD (e baixista para o BRL), mas com posição menor nos atuais níveis. A decisão da rolagem dos swaps de junho será importante, assim como o cenário externo. Ainda vejo um movimento estrutural de alta do USD no mundo, mas a recuperação dos EUA tem sido muito mais errática do que o imaginado anteriormente. A posição técnica do BRL parece melhor, mas a alta recente deve ter trazido muitos players para a posição Long USBRL novamente. Acho prudente ter posições mais modestas no curto-prazo, mas atento para a continuidade do movimento de alta (por isso a manutenção de uma posição estrutural ainda comprada). As vols implícitas do BRL cederam recentemente, de 22%-20% para 16%-18%. As vols estão historicamente elevadas, mas não vejo um cenário que venha a traze-las muito abaixo dos atuais níveis, especialmente com as incertezas externas (Fed, China e etc) e locais. Acredito que, exceto por um evento inesperado (saída de Levy do governo, por exemplo) a depreciação do BRL deverá ser mais ordenada de agora em diante.

O PIB do primeiro trimestre do ano apresentou queda de 0,2% QoQ e -1,6% YoY, acima das expectativas de -0,5% QoQ e -1,8% YoY. Em relação as expectativas da área macro da Icatu Vanguarda, a surpresa positiva ficou por conta do setor de Serviços, com uma queda mais branda do que o esperado, e uma robustez maior do setor Agrícola. De maneira geral o PIB mostra um cenário desolador para o crescimento, com o consumo e o investimento apresentando fortes retrações, e sem nenhum pilar de sustentação que venha a dar suporte a economia nos próximos meses. Assim, podemos esperar novas contrações de crescimento nos próximos meses, com o pior momento para a economia ainda por vir, a despeito da surpresa positiva de hoje.

No âmbito fiscal, o superávit primário ficou em R$13,4 bilhões, levemente acima das expectativas de R$12,5 bilhões. Os números mostram algum esforço por parte do governo no controle das contas públicas, mas as medidas anunciadas e aprovadas até o momento ainda são insuficientes para atingir a meta de superávit de 1,2% do PIB proposta no começo do mandato. Parte da surpresa positiva do mês foi proveniente dos governos regionais, o que não parece ser sustentável ao longo do tempo.

EUA – A recuperação da economia norte americana tem se mostrado mais lenta e errática do que o previsto. O Chicago PMI caiu de 52,3 pontos para 46,2 pontos em maio, abaixo das expectativas de 53,0 e do patamar de expansão (50). A abertura do indicador foi um tanto quando negativa, com quedas relevantes nos principais sub índices. Por outro lado, o número final do Michigan Confidence saiu de 88,6 para 90,7 em maio, acima das expectativas de 89,5 pontos, mas ainda longe dos picos recentes. O PIB do 1Q, por sua vez, foi revisado para -0,7% QoQ anualizado, levemente acima das expectativas.

Os dados recentes praticamente afastam por completo a probabilidade de uma alta de juros no meio do ano. A semana que se aproxima será fundamental para o cenário de política monetária no país. A curva local de juros precifica uma probabilidade em torno de 50% de uma alta de 25bps em setembro e duas altas completas em 2015. Olhando o cenário atual, a curva parece justa.

Os juros longos nos EUA vêm se mantendo dentro de uma larga banda, com o 10 anos entre 2,00% e 2,25%. Por hora, parece que iremos precisar de um sinal mais claro da economia para sairmos deste range. No curto-prazo, podemos esperar um ambiente de volatilidade mais alta, mas dentro das bandas recentes (S&P entre 2,080 e 2130, tsy 10 anos entre 2% e 2,25%, DXY entre 95 e 98, entre outros).


Mantenho meu otimismo em torno do USD, mas uma postura mais tática é necessária, ou seja, stops mais curtos e posições mais moderadas, já que a recuperação do crescimento nos EUA ainda se mostra tímida. O ambiente ainda não se mostra favorável as commodities e aos ativos emergentes em geral.

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