Dia de agenda relevante

Os ativos de risco estão apresentando alguma recuperação na manhã desta quarta-feira, a despeito de mais um dia de queda nas bolsas da China, após uma terça-feira de forte sell-off nas bolsas dos países desenvolvidos, e um movimento clássico de zerada de posições, onde todos os trades consensuais acabaram apresentando correções na direção contrária a posição do mercado. Assim, hoje, as bolsas na Europa e EUA operam em alta, mas ainda com sinais de fraqueza. O mercado global de moedas, juros e commodities não apresentam movimentações relevantes neste momento.

O mercado deverá continuar focado nos desenvolvimentos na Grécia. As eleições na Inglaterra também se aproximam o que pode trazer mais incerteza a um cenário já fragilizado. No Brasil, o Congresso discute as MP´s referentes ao ajuste fiscal, com os primeiros sinais mais positivos, já que o PT e o PMDB parecem dispostos a apoiar as medidas propostas pela equipe econômica. Na agenda do dia, o destaque fica por conta da PIM no Brasil e do ADP Employment nos EUA.

O problema na Grécia parece ser maior do que o imaginado, e o ruído de curto-prazo pode acabar durante mais tempo do que o mercado esperava. Como comentei há algumas semanas atrás, além da ausência de avanços concretos, alguns países já demandam a discussão de um “plano B” caso a Grécia não chegue a um acordo junto a seus credores. À medida que o tempo passa, e nenhum acordo é encontrado, crescem os riscos de contágio e rodadas negativas nos ativos de risco. Ainda vejo o cenário base como um acordo intermediário, com os credores alongando ainda mais a dívida do país, mas com a Grécia se comprometendo com parte do ajuste fiscal proposto. Porém, talvez tenhamos que passar por um período mais turbulento e negativo antes que este acordo seja firmado, com o mercado empurrando os policy makers a uma atuação mais concreta. O risco é que um erro político acabe levando a um risco de cauda. Os mercados devem permanecer voláteis e reativos aos headlines de curto-prazo.

No Brasil, mantenho minha visão altista no USDBRL. Vejo valor na parte intermediária da curva de juros, mas entendo que o cenário externo possa vir a prejudicar a performance de curto-prazo.

Brasil – A despeito dos ruídos políticos nos últimos dias, o PT e o PMDB sinalizaram na tarde de ontem que irão apoiar as medidas propostas de ajuste fiscal. Algumas alterações nas medidas, contudo, podem vir a ocorrer. De qualquer maneira, a aprovação do ajuste abre caminho para o anuncio do contingenciamento, o que deve ser visto como positivo pelos ativos locais. Na noite de ontem, a propagando política gratuita em rede de TV, feita pelo PT, foi recebida com um imenso panelaço em importantes cidades do país. O fato não traz nenhuma novidade para os mercados financeiros, mas mostra um governo cada vez mais fragilizado perante a população. No longo-prazo, caso haja argumentos jurídicos para tal, este tipo de postura da população pode acabar dando ímpeto para um processo de impeachment.

Europa – As vendas no varejo março, na Área do Euro, apresentaram queda de 0,8% MoM, basicamente dentro das expectativas do mercado. O indicador não altera o cenário de crescimento relativamente saudável para a região ao longo deste ano. O foco de curto-prazo deve permanecer no campo político, para a Grécia e Inglaterra.

China – As bolsas do país apresentaram mais um dia de queda, em um movimento que ainda me parece ser uma realização de lucros, natural, saudável e esperada, após uma sequencia de alta rápida e acentuada de preços nos últimos meses.


EUA – O ADP Employment a ser divulgado hoje será o último e o principal indicador as vésperas do Payroll na sexta-feira. A indicação de como se encontra o mercado de trabalho neste começo de trimestre será fundamental para a dinâmica de curto-prazo dos ativos de risco ao redor do mundo.

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