BRasil: Governo eleva CSLL para 20%

Os ativos de risco operam próximos a estabilidade nesta sexta-feira. O destaque fica por conta do segundo dia consecutivo de alta no EUR, que me parece, por hora, bem amparado dentro do range de 1,10 com 1,15. O diferencial de juros entre os EUA e a Europa continuará sendo o principal vetor de direcionamento da moeda europeia. No meu cenário base, continuo acreditando que, em breve, a recuperação norte americana ficará mais evidente, o que irá proporcionar o retorno de uma tendência de queda do EUR em detrimento ao USD, em um ambiente de política monetária extremamente expansionista na Europa. 

Na China, as bolsas do país tiveram mais um dia de forte alta. A dinâmica dos mercados chineses se mostra cada vez mais parecida com o que observamos no período do pós crise nos EUA, Europa e Japão. Em linhas gerais, em um ambiente de crescimento baixo, inflação contida, mas política monetária mais expansionista, os ativos de risco, em especial as bolsas e os bonds, são os mais favorecidos nos anos subsequentes.

O foco do dia ficará por conta do IPCA-15 no Brasil e para o Core CPI nos EUA. Uma desaceleração mais rápida do que o esperado no Brasil pode ser uma novidade relevante ao cenário, assim como uma aceleração mais acentuada do Core CPI nos EUA não seria bem recebida pelos ativos de risco.

Brasil – O governo publicou no diário oficial de hoje, através de uma MP, o aumento da CSLL para instituições financeiras em 5%, de 15% para 20%. A medida já vinha sendo ventilada na mídia durante toda a semana. Em um ambiente de crescimento pífio, baixa arrecadação e base política rachada, onde parte do ajuste fiscal proposto encontra resistência à aprovação no Congresso, o governo está sendo obrigado a buscar novas fontes de receita. Assim, o ajuste das contas públicas passa, invariavelmente, por aumento de impostos e a busca por receitas extraordinárias. A medida é positiva do ponto de vista fiscal, especialmente para a parte longa da curva de juros, já que mostra total comprometimento com a meta de 1,2% de superávit primário para este ano. Contudo, a medida tende a ser negativa para o setor corporativo e o mercado de renda variável, já que abre um precedente ruim para outros setores, em um ambiente extremamente desafiador para a rentabilidade das empresas. Após lançar um programa de recomposição de receita que, a grosso modo, afetou a população de mais baixa renda, o governo parece adotar agora uma postura diferente, buscando ganhar capital político, com medidas que afetam os setores “mais favorecidos” da sociedade, posição essa que não costuma ser bem vista pelos mercados financeiros.

O contingenciamento do Orçamento deve ser anunciado hoje e, de acordo com a mídia, deverá ficar em torno de R$70B.

De acordo com O Globo, depois de pressão do Congresso, a presidente Dilma Rousseff decidiu vetar a medida provisória que endurecia as regras para o pagamento do abono salarial aos trabalhadores, proposta do próprio governo. Parte do ajuste fiscal, a medida significaria uma economia de R$ 9 bilhões. Por outro lado, na véspera de anunciar o corte no Orçamento, que deverá ser de cerca de R$ 70 bilhões, a presidente decidiu aumentar o imposto sobre os bancos, de 15% para 20%. Dilma avisou ainda que os cortes nas despesas do governo “não serão pequenos”. -BRASÍLIA- Na véspera do anúncio do corte do Orçamento deste ano, que deve ficar em torno de R$ 70 bilhões, a presidente Dilma Rousseff decidiu aumentar o imposto sobre os bancos e, após pressão do Congresso, recuou na mudança do pagamento do abono salarial. A decisão foi tomada para conseguir viabilizar a aprovação das Medidas Provisórias (MPs) do ajuste fiscal no Senado na próxima semana. Na quarta, o governo não conseguiu encaminhar a votação de uma das matérias. A presidente queria primeiro aprovar o ajuste, para depois fechar o corte. Mas o prazo legal para o contingenciamento a obrigará a publicá-lo hoje. Ela garantiu, ontem, que o corte não paralisará o governo.

Europa – O IFO na Alemanha, um dos principais indicadores de confiança de toda a região, saiu de 108,6 para 108,5 pontos em maio, acima das expectativas de 108,3. O índice de expecativas caiu de 103,4 para 103 enquanto o indicador corrente subiu de 114 para 114,3. Na França,  Business Confidence subiu de 96 para 97 pontos em maio. O PIB da Alemanha foi confirmado em 0,3% MoM no primeiro trimestre do ano. Após uma rodada de indicadores mais fracos na Alemanha, o IFO sinaliza para um crescimento ainda saudável no país. O Cenário de crescimento para a Europa continua praticamente inalterado, a despeito de flutuações naturais em torno da tendência a longo do tempo. O primeiro trimestre, assim como ocorreu nos EUA, na Inglaterra e na China, por exemplo, foi um trimestre de crescimento mais moderado na Alemanha. Contudo, os indicadores começam a apontam para uma recuperação neste segundo trimestre do ano. Os ruídos em relação a Grécia, a alta recente de taxa de juros e do EUR podem ter sido vetores que afetaram negativamente os indicadores de curto-prazo.

Na Grécia, a situação segue fluida, porém, indefinida. Como era amplamente esperado, a reunião do Eurogroup em Riga na quinta-feira foi inconclusiva. O país está ficando sem caixa para honrar seus compromissos financeiros e um acordo é cada vez mais urgente. Ainda vejo uma solução “de canto” como o cenário principal, mas entendo que até está solução ser atingida poderemos ter alguma incerteza no cenário.

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