Brasil em Foco

Vários veículos da mídia estão colocando o corte no orçamento em torno de R$70 a R$80 bilhões, que deve ser anunciado no final desta semana. O número, caso seja confirmado, estaria na banda de cima das expectativas do mercado, mas em linha com a postura mais prudente que vem sendo adotada pelo governo desde o início deste segundo mandato. Em um evento no final de semana, Joaquim Levy ratificou que qualquer perda de receita, ou aumento de gasto, que o Congresso venha a impor sobre o país, precisará ser compensando por medidas adicionais de aperto fiscal. Neste caso, aumento de impostos. Segundo o Lauro Jardim, o governo já estuda a imposição de um imposto sobre herança, e uma taxação sobre dividendos nas aplicações no mercado de capitais. De acordo com o Estado, Lula tem demonstrando preocupação com seu projeto de poder, e um enorme desconforto com a delação premiada anunciada por Ricardo Pessoa, da UTC. O ex-presidente estaria abatido e vendo seu projeto de poder, pela primeira vez em muitos anos, abalada. Na tentativa de ganhar capital político neste ambiente, FHC esta tentando ligar a atual situação política do país ao governo Lula, em uma clara tentativa de enfraquecer o ex-presidente e o PT, inviabilizando qualquer possibilidade de reeleição nas próximas eleições presidenciais.

A despeito dos ruídos pontuais que este tipo de noticiário venha criar, me parece cada vez mais claro que, de uma maneira não linear e tortuosa, o país esta atingindo avanços concretos na direção do ajuste das contas públicas. Além disso, o ambiente político, a despeito de mais incerto no curto-prazo, esta trazendo ganhos institucionais relevantes para o futuro do país. Ainda temos um longo caminho para um eventual cenário mais positivo. Contudo, me parece claro que a situação hoje é muito mais construtiva do que a poucas semanas atrás.

Do ponto de vista dos investimentos locais, continuo vendo valor na parte intermediária da curva de juros. Tenho um viés de preferir os juros nominais aos juros reais na atual conjuntura, e com as implícitas ainda próximas ou acima de 6%. Contudo, juros reais ainda próximos a 6% me parecem atrativos a longo-prazo. Acredito que um câmbio mais depreciado faça parte do processo de ajuste econômico do país. Gosto de posições “core” via opções, que visam mitigar o carrego elevado no curto-prazo e se apropriar de uma volatilidade implícita ainda próxima a 20%. No mercado de renda variável, o cenário microeconômico de cada empresa ou setor, assim como os níveis devaluation e posição técnica, devem continuar a ditar a dinâmica desta classe de ativos.

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