Bonds sell-off

A quinta-feira está sendo marcada pela continuidade do movimento de abertura de taxa dos bonds nos países desenvolvidos, em especial na Europa e nos EUA. Este movimento, contudo, começa a afetar o humor global a risco, com as bolsas operando sobre pressão baixista e o USD dando sinais de fortalecimento. Neste mesma linha, os ativos dos países emergentes já mostraram sinais de fragilidade (câmbio, juros e bolsas). Exceto por mais um dia de alta no preço do petróleo, as commodities operam em queda. Na China, tivemos o terceiro dia consecutivo de forte queda nas bolsas. Em suma, como suspeitávamos, o movimento de alta nas taxas de juros no mundo desenvolvido está trazendo volatilidade e incerteza aos ativos de risco, o que justifica uma postura mais cautelosa no curto-prazo.

Na agenda do dia, destaque para a Ata do Copom no Brasil e para o Jobless Claims nos EUA.

O mercado continua passando por um momento claro de correções técnicas, onde grande parte das posições que foram bem sucedidas nos últimos meses (USD forte, queda no Petróleo, alta nas bolsas da Europa e EUA, queda de taxas de juros na Europa, entre outras) passam por um período de liquidação ou zerada de posiçoes.

A Treasury 10yrs está em um ponto técnico (2,25%) extremamente importante. O patamar de 2,20%-2,25% era um objetivo de curto-prazo que foi facilmente atingido (vide comentário da semana passada reproduzido abaixo). O mercado deveria trabalhar um pouco nestes níveis. Caso confirme o rompimento, contudo, podemos ter mais uma rodada de abertura de taxas.

Como comentei ao longo dos últimos dias, vejo o rompimento do patamar de 2,00% nas Treasuries de 10yrs como um movimento técnico relevante, que pode acabar puxando o mercado a níveis mais elevados, em torno de 2,20%-2,25%. Este movimento, caso confirmado, tenderia a ser negativo para os ativos de risco em geral, como bolsas, moedas e commodities, e altista para o USD. Ainda vejo está dinâmica como puramente técnica, já que não há mudanças acentuadas de fundamentos que justifiquem estes movimentos neste momento. Contudo, não podemos desprezar os sinais do mercado, o que requer maior cautela nos portfólios no curto-prazo.

Brasil – O projeto de ajuste fiscal começa a avançar no congresso, o que acaba retirando algum risco do cenário de curto-prazo. OS ativos locais podem até mostrar performance relativa mais positivo do que os seus pares, mas dificilmente ficarão imunes ao cenário externo. Assim, o pano de fundo externo deve começar a fazer preço de maneira mais evidente nos ativos locais, caso os movimentos recentes citados acima tenham continuidade. Ainda vejo uma trajetória de depreciação cambial, mas vejo valor na parte intermediária da curva local de juros, entendendo que a Ata do Copom será determinante para dinâmica de curto-prazo da curva local de juros.

Europa – Não parece haver qualquer tipo de avanço concreto no tocante as negociações entre a Grécia e seus credores. Como vínhamos frisando, talvez fosse necessário uma piora mais rápida e acentuada dos ativos da região, com sinais de contágio mais claros, para forçar os policy makers a tomarem decisões mais rápidas e racionais. Nos últimos dias, observamos uma evidente piora das bolsas e dos bonds europeus, como uma forte abertura de taxa dos papéis longos da periferia da Europa (Espanha, Itália, Portugal e etc). Este ambiente deveria funcionar como um empurrão para que uma solução seja encontrada. No curto-prazo, a incerteza deve gerar volatilidade e novas rodadas negativas para os ativos da região.

No que tange os dados econômicos, o Factory Orders a Alemanha apresentou alta de 0,9% MoM, abaixo das expectativas de 1,5% MoM em março. Na França, a produção industrial do mesmo mês caiu 0,3% MoM, abaixo das expectativas de alta de 0,1% MoM, mas após fortes revisões altistas dos meses anteriores.

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