USD forte

A noite foi relativamente tranquila e sem novidades relevantes ao cenário. O destaque ficou por conta da divulgação do PIB do 1Q no Japão, que apresentou alta de 0,6% QoQ, acima das expectativas de alta de 0,4% QoQ. Hoje pela manhã os ativos de risco operam próximos a estabilidade, com destaque apenas para o movimento de fortalecimento do USD ao redor do mundo. Na agenda do dia, as Minutas do FOMC, nos EUA, serão o foco desta quarta-feira.

O Housing Starts, em abril, nos EUA, apresentou alta de 20% MoM, atingindo o patamar de 1135 mil unidades, maior nível desde de 2007. O número deve dar sustentação a tese de que a fraqueza da economia no primeiro trimestre do ano foi fruto de questões estatísticas (Fed São Francisco) e pontuais, como o clima e a greve dos portos da região oeste do país.

Espero que o USD fica mais suportado no curto-prazo, sendo sustentado por uma nova abertura de taxa de juros nos EUA. As commodities e os ativos emergentes, em geral, podem ter uma janela um pouco mais desafiadora no curto-prazo. Em termos de portfólio, acho válido adicionar posições compradas em USD e tomadas em juros nos EUA, até mesmo como hedge para posições aplicadas na curva local de juros. Estar underweight/short em setores e moedas ligadas a commodities fazem sentido no atual momento.

Como comentei ao longo dos últimos dias: Em linhas gerais, gostaria de ter uma maior visibilidade do cenário macro global para ter uma maior certeza em relação as reais assimetrias do cenário. Ainda acredito no retorno das tendências que prevaleceram no começo do ano (USD forte, pressão sobre as commodities e os ativos emergentes, abertura de taxas de juros, entre outras), mas confesso que será necessário o cenário macro confirmar uma recuperação mais robusta da economia dos EUA para este ambiente poder ser retomado. Enquanto isso, vale adotar uma postura mais oportunista e tática.

Os dado de hoje podem ter sido a “senha” para o retorno dessas tendências. Contudo, precisaremos ter mais confirmações nesta direção para que o movimento se mostre mais prolongado.


No Brasil, a despeito de uma leve depreciação do BRL, seguindo o humor global a risco, a curva de juros voltou a mostra bom desempenho, em um sinal de que o ajuste fiscal e a postura mais dura do BCB começa a colher os frutos. A curva curta de juros reais teve um dia negativo, com o mercado começando a precificar que o BCB pode vir a ser bem sucedido no combate a inflação. O  cenário externo pode vir a prejudicar o desempenho dos ativos locais no curto-prazo. Ainda vejo valor em posições aplicadas na parte intermediária da curva, aliadas a posições compradas em USDBRL. Acredito que a banda de 2,97-3,07 deve ser usada em uma tentativa de maximizar as posições no mercado de câmbio, assim como operações de opções que busquem se apropriar de uma vol implícita ainda elevada, mas com delta comprado (flys, condors, etc). Para aqueles que buscam posições mais defensivas, os juros reais em torno de 6% ainda se mostram atrativos, mas com uma inflação implícita alta vis-à-vis um cenário em que o BCB se mostra mais comprometido com o centro da meta de inflação.

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