Update
A divulgação de mais um mês de fraco crescimento na produção
industrial norte americana em abril, com uma queda expressiva do Michigan
Confidence, e uma alta apenas moderada do Empire Manufacturing em maio,
ajudaram o mercado de bonds nos países desenvolvidos a terem mais um dia
de acomodação. Assim, o patamar de 2,00%-2,25%, pegando a Treasury 10 anos como
exemplo, acabou sendo reforçado ao longo da semana. A despeito de um quadro
técnico fragilizado, como reforçamos a alguns dias atrás, para o rompimento da
banda de cima do canal seria necessária a confirmação de um cenário de
crescimento mais robusto no curto-prazo, o que acabou não acontecendo.
O dia foi de desempenho misto para o dólar, as commodities e as
bolsas ao redor do mundo.
No Brasil, em um ambiente menos desafiador do ponto de vista
externo, os riscos de cauda locais afastados no curto-prazo, e uma posição
técnica favorável, levaram a uma semana de excelente desempenho do famoso “Kit
Brasil”. Até que tenhamos
uma mudança substancial de cenário externo, ou alguma surpresa expressiva no
cenário local, parece que existe apetite para os ativos locais, nos atuais
níveis e com os investidores aparentemente sem grandes posições positivas em
Brasil.
A curva de juros precifica altas de 45bps+25bps+10bps nas
próximas reuniões do Copom. O shape da curva, pegando o jan21/Jan17 como
parâmetro, atingiu um vale recente, a -90bps. A despeito da postura recente
mais dura do BCB, as inflações implícitas continuam acima de 6%. Com vencimento
de NTNB, e pagamentos de cupom, o dia foi de forte demanda pelas B´s.
Em termos de posições e mercados, não tenho muito a acrescentar,
diferente do que já foi dito ao longo de toda a semana.
Continuo vendo
valor na parte intermediária da curva local de juros, que pode ser ajudada por
um humor global a risco menos desafiador no curto-prazo. Em um ambiente de recessão, piora do
mercado de trabalho, políticas monetária, fiscal e creditícia mais apertadas, e
banco central visando a meta de inflação, parece haver prêmios já relevantes na
curva, especialmente após o ciclo de alta da taxa Selic que já feito. A posição
técnica do mercado não me parece ruim no atual momento. Contudo, acredito em um movimento
gradual de depreciação do BRL no longo-prazo. Momentos pontuais de apreciação
da moeda são normais e fazem parte do processo de ajuste, o que requer uma
postura um pouco mais ativa na administração dos tamanhos e dos instrumentos
utilizados para se posicionar nesta direção. Gosto de olhar o patamar entre 2,97 e 3,07 como uma
janela de curto-prazo para o BRL, e olhar posições via opções (flys, condors)
visando de favorecer da vol implícita ainda elevada, mas buscando um movimento
gradual de alta do dólar (delta levemente comprado).
O mercado tem
se mostrado extremamente técnico e descorrelacionado nos últimos dias. A
despeito de movimentos de curto-prazo que podem vir a se descolar dos
fundamentos, apenas a ratificação do cenário macro será capaz de, no
longo-prazo, dar ímpeto aos movimentos de curto-prazo. Um fortalecimento mais consistente do
USD parece demandar dados concretos de recuperação da economia dos EUA. Na
ausência destes sinais, o mercado deve ganhar volatilidade e apresentar
períodos de enfraquecimento do dólar, acentuados por uma posição técnica ruim
(ainda comprada em USD). O
movimento dos juros na Europa e nos EUA parece seguir questões mais específicas
desta classe de ativos (posição técnica, calendário de ofertas e etc) o que
pode exacerbar os movimentos recentes, independente do cenário macro mostrar
recuperação da economia global neste segundo trimestre do ano. As commodities
me parecem ter feito um pico de curto-prazo, mas não vem apresentando tendência
clara, exceto pelo Petróleo. Ainda vejo o cenário de menor crescimento
estrutural da China, e sobre oferta em vários setores, como vetores de pressão
baixista nesta classe de ativos. Contudo, os movimentos de curto-prazo tem sido
marcados pelo ajuste de posições que eram na direção citada anteriormente. As
bolsas globais, por sua vez, seguem nos picos recentes, mas ainda sem mostrar
grandes rompimentos para cima ou realizações de lucros mais acentuados para
baixo. Em suma, seguimos em
um ambiente de acomodação dos ativos de risco, com o cenário macro e micro
sendo interconectados pela posição técnica e ajuste de curto-prazo.
Comentários
Postar um comentário