Bonds, Bonds and Bonds...

Após uma noite de agenda econômica esvaziada, o destaque voltou a ficar por conta da abertura de taxa dos bonds dos países desenvolvidos, em especial, nos EUA. O movimento, desta vez, está pressionando as bolsas globais, mas gerando um enfraquecimento do USD, com as commodities relativamente estáveis. Ao que tudo indica, a rápida e acentuada abertura de taxa de juros nos EUA está gerando mais uma rodada de zeragens de posições e perda de correlações entre as classes de ativos, o que acaba desfavorecendo as posições mais consensuais do mercado, neste caso, posições para o fortalecimento do USD e para a alta nas bolsas.

Na agenda do dia, o destaque fica por conta do JOLTs Job Openings nos EUA, mas o número a ser divulgado será de março, mês em que observamos uma já sabida desaceleração do mercado de trabalho no país. A agenda no Brasil será esvaziada.

Brasil – Em artigo da Claudia Safatle no Valor, em linha com o que já foi divulgado no Valor PRO ao longo da segunda-feira, a jornalista reafirma o compromisso do BCB com o centro da meta de inflação. No mesmo jornal, outro artigo afirma que o governo rejeita a ideia de liberar compulsório para financiar a compra de imóvel.

Na ausência de novidades relevantes no cenário, mantenho minha visão que vem sendo explicitada nete fórum nos últimos dias:

A Treasury 30yrs rompeu o patamar de 3%, testando os highs de taxa da semana passada. O mercado de bonds nos países desenvolvidos continua tecnicamente fragilizado. Não podemos ignorar estes movimentos. Caso eles continuem, terão impactos relevantes sobre os demais ativos de risco.

Vejo o patamar de 3% na Treasury 30 anos, e o patamar de 2,25% no 10 anos, como níveis psicológicos e técnicos relevantes. Caso o mercado não rompa estes níveis, deveriam ter um cenário de range trade nos ativos de risco, ou seja, sem tendências definidas. O rompimento destes níveis, contudo, deveria trazer novos desafios aos ativos de risco. Esperaria uma nova rodada de fortalecimento do USD, pressão no preço das commodities e nos ativos emergentes em geral. Acredito que o mercado de renda variável poderia sentir estes movimentos, mesmo que pontualmente. Um hedge interessante para este cenário me parece ser puts de bolsa norte americana, cujas vols estão historicamente baixas e apresentam um risco/retorno favorável. Com o enfraquecimento recente do USD, e uma posição técnica mais “leve”, posições compradas em USD (ou calls de USD) também se mostram interessantes.

Continuo acreditando em uma depreciação gradual do BRL, o que me parece um caminho natural e saudável no processo de ajuste econômico local. O nível próximo a 3,00 tem se mostrado um patamar interessante para se adicionar posições compradas em USDBRL, dentro de uma posição estruturalmente comprada na moeda americana. Vejo valor na parte intermediária da curva local de juros nominais, mas entendo que o cenário externo possa prejudicar seu desempenho no curto-prazo. Tenho dificuldades em alongar muito a duration devido aos vetores externos, e alocaria risco em conjunto com posições compradas em dólar.

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