Update

A quarta-feira foi de poucas novidades no ambiente externo. Em relação as Minutas do FOMC nos EUA, na minha visão, a passagem mais interessante ficou por conta da visão de Emprego e Inflação do Comitê, as duas variáveis que são os principais “targets” para o Fed. Como já era amplamente esperado, até pelas sinalizações nos discursos recentes de membros da instituição, o Fed não alterou substancialmente seu cenário. Junho ficou cedo para uma alta de juros, mas o FOMC será dependente dos dados. Setembro segue na mesa. O mercado precifica cerca de 50% de probabilidade de alta em setembro, o que parece “fair” hoje, vis-a-vis os dados que temos em mãos. Dados mais fortes nas próximas semanas, contudo, podem vir a elevar essa probabilidade.

Tenho mudado um pouco minha cabeça em relação ao cenário para os ativos de risco em um eventual começo do processo de alta de juros nos EUA. Com o importante discurso do ECB ontem, onde efetivamente mostrou incomodo com a abertura de taxa de juros na Europa nas últimas semanas, e o aparente sucesso do PBoC, na China, afrouxando as condições monetárias do país nos últimos dias (vide a taxa da 7-Day Repo abaixo), tendo a acreditar que não necessariamente teremos um cenário de “Risk-on/Risk-off” durante o processo de aperto de juros nos EUA. Estou viesado em acreditar que, no longo-prazo, teremos um cenário de diferenciação, onde as condições “micro” de cada país e/ou região podem prevalecer sobre movimentos mais correlacionados. Assim, ainda vejo um fortalecimento do USD no mundo, mas não descarto movimento de abertura de taxa de juros nos EUA que não sejam acompanhadas pela abertura de taxa de juros em outros países e/ou região. No Brasil, se o “dever de casa” continuar a ser feito (vide abaixo) podemos colher juros longos menores ao longo do tempo, mesmo que o BRL siga o movimento global de fortalecimento do USD no mundo. As commodities devem ter um ambiente desafiador pela frente, não apenas pela alta de juros nos EUA, mas com uma menor demanda da China e um pano de fundo de excesso de oferta em vários casos.

Os ativos no Brasil vem seguindo uma dinâmica própria. O pano de fundo em que os riscos de cauda para o cenário de curto-prazo estão sendo eliminados, o governo mostra total comprometimento com a meta fiscal, e o BCB mostra comprometimento com a meta de inflação, está ajudando a dar ímpeto ao mercado local de câmbio e renda fixa, em um ambiente em que os investidores estão pouco alocados nestas classes de ativos. Na bolsa, contudo, passado o “short squeeze” dos últimos meses, fica cada vez mais claro que o ajuste das contas públicas irá passar, necessariamente, por aumento de impostos, o que pressupoe menor consumo, menor crescimento e margens menores, ambiente  que, neste momento, está afetando negativamente esta classe de ativo nos últimos dias.


O mercado deverá continua extremamente sensível aos dados econômicos de curto-prazo nos EUA. O Jobless Claims, a ser divulgado amanhã, será essencial para a dinâmica dos ativos de risco no curto-prazo.

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