Update
Nos EUA, o Jobless Claims se manteve nos níveis mais
baixos desde o período pré-crise de 2008, mostrando que a recuperação do
mercado de trabalho no país segue intacta. O Philadelphia Fed caiu
marginalmente, de 7,5 para 6,7 em maio, enquanto o Markit PMI Manufacturing
saiu de 54,1 para 53,8 pontos, abaixo das expectativas de 54,5 pontos. O
Existing Homes Sales caiu de 5,21M para 5,04M, abaixo das expectativas de
5,23M. Finalmente, o Leading Indicator apresentou forte alta de 0,7% em abril,
muito acima das expectativas de 0,3%.
A economia americana passa por um claro período de “soft-patch”.
A recuperação do crescimento tem se mostrado mais lenta e errática do que o
imaginado. De qualquer maneira, continuo confiante que o país será capaz de
manter um crescimento em torno de 2,5% a longo-prazo, com o mercado de trabalho
em processo de recuperação e uma inflação gradualmente ascendente. Assim, ainda
vejo uma alta do dólar como cenário central. O mercado de juros, contudo, deve
seguir os fundamentos de cada país ou região, com o mercado na Europa melhor
ancorado do que nos EUA. O mesmo me parece ser válido para o mercado de renda
variável. O cenário para renda fixa emergente irá depender dos fundamentos de
cada país, com o provável aperto monetário nos EUA sendo contrabalanceado pelo
afrouxamento na Europa, Japão e China. As commodities não me parecem bem
posicionadas do ponto de vista macro, com perspectiva de aperto monetário nos
EUA e menor crescimento estrutural da China. Muitas delas, além disso,
apresentam um quadro claro de sobre oferta.
Hoje soubemos que o IBC-Br de abril apresentou queda de 1%,
acima das expectativas de queda de 0,5%, mas após uma revisão da série
histórica. A Taxa de Desemprego saiu de 6,2% para 6,4%, com a piora dos
indicadores de renda cada vez mais evidentes (vide gráfico abaixo). A mídia
ventilou hoje que o mês de abril foi um mês negativo para o CAGED, onde era
esperado uma alta em torno de 50 mil vagas. Caso confirmado um valor negativo,
será uma evidência adicional de deterioração do mercado de trabalho. De maneira
geral, está se consolidando um cenário de recessão e piora considerável do
mercado de trabalho.
Os mercados locais estão migrando para a precificação de um
cenário macro coerente com os últimos desenvolvimentos locais. Estamos observando
uma depreciação gradual do BRL, um forte flattening da curva de juros
nominais e movimentos micro relevantes na bolsa. A inflação implícita continua
historicamente acima do centro da meta de 4,5%, mas já vemos um movimento de
correção nas últimas semanas, quando ficou claro o objetivo e o compromisso do
BCB em relação a trazer a inflação (e as expectativas) para o centro da meta.
A postura que vem sendo adotada pelo governo neste segundo
mandato, pelo menos nestes primeiros meses do ano, pressupõe uma menor
intervenção do governo na economia, e uma função de reação do BCB mais em linha
com o sistema de metas para a inflação. Assim, é natural esperar que os ativos
locais reajam de maneira mais clássica ao cenário prospectivo de crescimento,
inflação, contas externas e política monetária.
Como temos ressaltado neste fórum, vemos valor na parte
intermediária da curva de juros. Nosso viés é mais favorável a curva nominal em
detrimento a curva de juros reais neste momento, mas vemos valor na curva longa
de juros reais, ainda próxima a 6%. Acreditamos que a depreciação do BRL seja
um processo natural, necessário e bem vindo para a economia. Ainda gostamos de
posições compradas em dólar, contra o BRL e contra outras moedas ao redor do
mundo. No mercado de renda variável, o cenário micro deve prevalecer sobre o
macro, com a busca por alpha sendo preferível a busca por beta.
O Jan21 está em um patamar técnico importante (vide gráfico
abaixo). A curva precifica hoje altas de 48bps+25bps+10bps nas próximas
reuniões do Copom. O Jan21/Jan17 está invertido em 95bps, maior patamar para
este ciclo. O mercado já precifica quedas acentuadas de juros a partir do
começo do ano que vem. O cenário base parece ser do BCB seguir com mais uma ou
duas altas de juros, elevando a Selic em mais 50bps a 75bps. Não podemos
descartar que, ao final do ciclo de alta, o BCB opte por uma sinalização de que
os juros permanecerão elevados no horizonte relevante de tempo, mas este me
parece um debate para daqui a 2-3 meses.
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