China: Baixo crescimento é um risco crescente
Sustentados
por uma acomodação (fechamento de taxas) dos bonds nos países desenvolvidos, os ativos de risco estão
apresentando um movimento de “risk-on”
ao longo desta manhã, com as bolsas e commodities em alta, o USD fraco e um bom
desempenho dos ativos de risco. O destaque da note ficou por conta dos fracos
indicadores de atividade econômica na China em abril e para a divulgação dos PIB´s
do primeiro trimestre na Europa (vide detalhes abaixo).
A
quarta-feira será fundamental para a dinâmica de curto-prazo dos ativos de
risco, com a divulgação das vendas no varejo de abril nos EUA sendo um
importante indicador para medirmos a velocidade de recuperação da economia
norte americana no começo do segundo trimestre do ano. Um número forte pode dar
mais ímpeto para a abertura de juros nos países desenvolvidos, trazendo pressão
as bolsas e as commodities, favorecendo o USD e colocando os ativos EM sobre
pressão. Um número mais fraco, contudo, pode ajudar mais um período de
consolidação dos ativos de risco, na linha da verificada hoje.
Brasil
– A MP 664 deve ser colocada para
votação na câmara hoje, e um acordo já parece estar firmado para a aprovação
das medidas. O BCB
segue ventilando uma mensagem mais dura na mídia, dando a entender que o
combate a inflação ainda não terminou. Finalmente, o governo vem plantando na
mídia a estrutura de como será o novo programa de concessões a ser anunciado
nas próximas semanas, mas sem que haja a certeza de leilões ainda este ano. De maneira geral, o governo segue entregando um ajuste econômico, via
políticas monetária, fiscal e creditícia mais duras, além de criar esperanças
de um novo ciclo de investimentos. Os riscos e os desafios ainda são elevados,
mas os “riscos de cauda” internos seguem sendo reduzidos, pelo menos no
curto-prazo. Devemos ter em mente, contudo, que o cenário externo deve se
mostrar mais desafiador para o Brasil, com a perspectiva de juros mais altos
nos EUA e um crescimento estrutural da China menor do que no passado.
China – Os números de crescimento de abril voltaram a surpreender negativamente
o mercado, apontando para uma economia ainda bastante fragilizada e sem nenhum
sinal de estabilização. Mesmo diante de todas as medidas colocadas em prática
ao longo dos últimos meses, o país não mostra nenhuma reação. O Retail Sales
saiu de 10,2% YoY para 10% YoY, O Industrial Production passou e 5,6% YoY para
5,9% YoY e o Fixed Asset Investment caiu de 13,5% YoY YTD para 12% YoY YTD. O
Aggregate Financing apresentou alta de CNY $1050B ao longo do mês. Todos os
números vieram abaixo das expectativas.
Diante
deste quadro, o governo segue adotando uma postura mais proativa e agressiva na
condução da política monetária local. Nos últimos dias, foram divulgados alguns
detalhes adicionais de um swap dos LGFV, que tem como objetivo reduzir os
custos locais de captação, abrindo espaço para uma maior liquidez no país, afim
de dar sustentação aos investimentos no curto-prazo.
Como
venho comentando desde o final do ano passado, o cenário para a economia
chinesa se mostra extremamente desafiador. A despeito de uma série de medidas
colocadas em prática nos últimos meses, a economia aparenta uma imensa
dificuldade em mostrar alguma estabilização e/ou recuperação do crescimento. O
modelo chinês vem se mostrando esgotado, sem que os policy makers locais
tenham condições, por hora, de reenergizar a economia. Assim, é natural esperar
que novas medidas de suporte ao crescimento sejam divulgadas nos próximos dias,
expectativa essa que ajudou a recuperação das bolsas do país ao longo das
últimas semanas. Ainda vejo a China como o principal risco para a economia
mundial este ano, a despeito da animação do mercado local de renda variável,
que parece reagir as expectativas de novos afrouxamentos monetários, além de
questões técnicas, como a interconexão das bolsas da China e Hong Kong, e a
ausência de oportunidades de
investimentos em outras classes de ativos, já que o mercado imobiliário e de
crédito passam por um período de correção.
Europa
– A
divulgação dos PIB´s por países mostrou uma economia europeia em franca
recuperação, mas ainda com diferenças internas relevantes no primeiro trimestre
do ano. A França surpreendeu com um crescimento acima das expectativas, mas a
Alemanha surpreendeu negativamente. Os dados na Itália foram robustos, assim
como nos demais países da periferia da região. Em suma, o cenário para o
crescimento na Europa continua animador, com uma recuperação gradual e
saudável. A produção industrial de março na Área do Euro, contudo, surpreendenu
negativamente, com queda de 0,3% MoM, abaixo das expectativas de estabilidade.
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