Grécia em foco
Dois eventos relevantes
no cenário externo trouxeram uma maior volatilidade e descorrelação das classes
de ativos. Em primeiro lugar, a situação na Grécia parece muito mais tensa e indefinida do que era imaginado
anteriormente. As negociações continuam, mas a Troika parece ter adotada uma
postura mais dura nos últimos dias, sem uma contrapartida, por hora, por parte
dos gregos. Esta incerteza acabou gerando uma forte queda das bolsas na Europa
e nos EUA, com forte abertura de taxas dos juros nos países da periféria da
Europa.
Em segundo lugar, um
ISM Non-Manufacturing acima das expectativas em abril nos EUA, acabou gerando
mais uma rodada de abertura de taxa da curva norte americana, o que ajudou no
humor mais negativo nas bolsas dos países desenvolvidos.
outro lado, tivemos
um dia de queda do USD e alta nas commodities, em um claro movimento de zerada
de posições. Todas as posições consensuais do mercado
acabaram apresentando desempenho ruim nesta terça-feira, em clássico movimento
técnico de redução a exposição risco.
No Brasil, o mercado continua focado nas votações do pacote de ajuste
fiscal no Congresso. O BRL seguiu o humor global em torno do USD, com o mercado
de juros apresentando leve steepening
da curva, em um movimento de realização do flattening
dos últimos dias, em muito puxado pelo movimento da curva norte americana.
Eu vejo os movimentos
de hoje em parte puxados por questões pontuais e técnicas. O movimento nas taxas de juros dos países desenvolvidos, caso
corroboradas pelos números econômicos, podem acabar sendo o começo de uma
tendência mais longa, assim como ocorreu no USD no começo deste ano. A
queda do USD me parece pontual.
O problema na Grécia
parece ser maior do que o imaginado, e o ruído de curto-prazo pode acabar
durante mais tempo do que o mercado esperava. Como comentei a algumas semanas
atrás, além
da ausência de avanços concretos, alguns países já demandam a discussão de um
“plano B” caso a Grécia não chegue a um acordo junto a seus credores. À medida que o tempo passa, e nenhum acordo é encontrado,
crescem os riscos de contágio e rodadas negativas nos ativos de risco. Ainda vejo o cenário base como um acordo intermediário,
com os credores alongando ainda mais a dívida do país, mas com a Grécia se
comprometendo com parte do ajuste fiscal proposto. Porém, talvez tenhamos que passar por um período mais
turbulento e negativo antes que este acordo seja firmado, com o mercado
empurrando os policy makers a uma atuação mais concreta. O risco é que um erro
político acabe levando a um risco de cauda. Os mercados devem permanecer voláteis e reativos aos headlines de curto-prazo.
No Brasil, mantenho
minha visão altista no USDBRL. Vejo valor na parte intermediária da curva de
juros, mas entendo que o cenário externo possa vir a prejudicar a performance
de curto-prazo.
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