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Brasil  - O mercado de renda fica local reagiu de forma surpreendentemente positiva ao pano de fundo externo (vide abaixo). A curva apresentou fechamento de taxas e flattening. O desempenho recente do mercado local de juros indica um mercado menos exposto a posições aplicadas. A curva já precifica cerca de 90bps de alta adicional de juros. O mercado sinaliza que já existe um prêmio de risco relevante na curva, o que tem mantido o mercado mais defendido. O BRL, por sua vez, teve um dia de performance relativa negativa, aparentemente seguindo algum fluxo pontual. O técnico do mercado já me parece muito mais leve, com muitos investidores adotando postura mais tática na moeda local. Ainda vejo valor na parte intermediária da curva de juros. Tenho dificuldade em alongar muito a duration no atual cenário externo. O Jan18 me parece  o melhor vértice. Acredito que o patamar de 2,97/3,00 tem se mostrado um grande suporte para a moeda norte americana. Gosto de posições compradas em USDBRL, em conjunto com posições aplicadas em juros nominais. Contudo, entendo que uma alta mais consistente e sustentável do USD depende de uma recuperação mais clara da economia norte americana. Assim, o BRL deve permanecer com volatilidade alta e operando dentro do range 3,00/3,10.

Vale lembrar que estamos observando um cenário macro e político local menos negativo do que no passado recente, simplesmente pelos riscos de cauda terem sido afastados no curto-prazo. O ajuste fiscal está sendo aprovado no Congresso, o governo já fala em um programa de controle continuo dos gastos públicos, o Planejamento vem trabalhando em um programa de concessões, o BCB se mostra comprometido com o controle da inflação, entre outras medidas que vem sendo ventiladas na mídia.

Vejo a redução destes riscos de cauda como positivos para a curva longa de juros. Entendo que a depreciação do BRL seja natural, saudável e desejada para o ajuste da economia. Os fluxos de curto prazo podem vir a distorcer este movimento, mas não deveriam impedir ou alterar a direção da tendência de longo-prazo.

Externo - O destaque do dia ficou para a divulgação das fracas vendas no varejo nos EUA, o que trouxe novos questionamentos em torno da recuperação da economia norte americana neste começo de ano. A probabilidade do começo do ciclo de alta de juros no país também segue sendo questionada.

A despeito deste pano de fundo macro, o técnico do mercado de Treasury segue desafiador, com os investidores ainda muito “long duration” em uma semana carregada de emissões corporativas, o que acaba chamando venda de bonds no mercado de Treasury como hedge para as operações. A curva vem apresentando forte steepening nas últimas semanas, o que não deveria ser bem digerido pelos ativos de risco.

O movimento dos juros na Europa e nos EUA parece seguir questões mais específicas desta classe de ativos (posição técnica, calendário de ofertas e etc) o que pode exacerbar os movimentos recentes, independente do cenário macro mostrar recuperação da economia global neste segundo trimestre do ano.

A Treasury 30yrs rompeu o patamar de 3%, testando os highs de taxa da semana passada. O mercado de bonds nos países desenvolvidos continua tecnicamente fragilizado. Não podemos ignorar estes movimentos. Caso eles continuem, terão impactos relevantes sobre os demais ativos de risco. Vejo o patamar de 3% na Treasury 30 anos, e o patamar de 2,25% no 10 anos, como níveis psicológicos e técnicos relevantes. Caso o mercado não rompa estes níveis, deveriam ter um cenário de range trade nos ativos de risco, ou seja, sem tendências definidas. O rompimento destes níveis, contudo, deveria trazer novos desafios aos ativos de risco. Esperaria uma nova rodada de fortalecimento do USD, pressão no preço das commodities e nos ativos emergentes em geral. Acredito que o mercado de renda variável poderia sentir estes movimentos, mesmo que pontualmente. Um hedge interessante para este cenário me parece ser puts de bolsa norte americana, cujas vols estão historicamente baixas e apresentam um risco/retorno favorável. Com o enfraquecimento recente do USD, e uma posição técnica mais “leve”, posições compradas em USD (ou calls de USD) também se mostram interessantes.

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