Update
Em um dia de agenda
econômica esvaziada ao redor do mundo, o destaque ficou para mais uma rodada de
abertura de taxas de juros nos países desenvolvidos. Nesta segunda-feira, ao contrário
do ocorrido na semana passada, o destaque de abertura de taxas ficou para os
EUA, em detrimento a Europa, e com um forte movimento de steepening da curva.
A reunião do Eurogroup
não trouxe conclusões concretas no tocante ao pacote de ajuda financeira a Grécia, como era amplamente esperado,
mas as sinalizações provenientes da reunião foram mais conciliadoras e
positivas, o que pode ter acabado trazendo uma redução dos prêmios de risco na
curva de juros da Europa e EUA.
A Treasury 30yrs está
acima de 3%, testando os highs de taxa da semana passada. O mercado de bonds nos
países desenvolvidos continua tecnicamente fragilizado. Não podemos ignorar
estes movimentos. Caso eles continuem, terão impactos relevantes sobre
os demais ativos de risco.
Vejo o patamar
de 3% na Treasury 30 anos, e o patamar de 2,25% no 10 anos, como níveis
psicológicos e técnicos relevantes. Caso o mercado não rompa estes níveis,
deveriam ter um cenário de range trade nos ativos de risco, ou seja, sem
tendências definidas. O rompimento destes níveis, contudo, deveria trazer
novos desafios aos ativos de risco. Esperaria uma nova rodada de fortalecimento
do USD, pressão no preço das commodities e nos ativos emergentes em geral.
Acredito que o mercado de renda variável poderia sentir estes movimentos, mesmo
que pontualmente. Um hedge interessante para este cenário me parece ser puts de bolsa norte americana, cujas vols
estão historicamente baixas e apresentam um risco/retorno favorável. Com o
enfraquecimento recente do USD, e uma posição técnica mais “leve”, posições
compradas em USD (ou calls de USD)
também se mostram interessantes.
No Brasil, o mercado de
câmbio seguiu o humor global em torno do USD, mas com claro viés mais negativo
do que seus pares. O patamar próximo a 3,00 se mostrou, uma vez mais, um
importante suporte a moeda norte americana. O movimento no câmbio e nos juros
nos EUA acabaram pressionando a parte longa da curva de juros local, que se
comportou até relativamente bem vis-a-vis a carnificina verificada nos países
desenvolvidos.
Uma notícia plantada na
mídia durante o dia deixou exposto um antagonismo entre a Fazenda e o resto do
governo em relação ao tamanho do contingenciamento necessário para o ajuste das
contas públicas, o que acabou ajudando a piora do humor local.
Continuo acreditando
em uma depreciação gradual do BRL, o que me parece um caminho natural e
saudável no processo de ajuste econômico local. O nível próximo a 3,00 tem se
mostrado um patamar interessante para se adicionar posições compradas em
USDBRL, dentro de uma posição estruturalmente comprada na moeda americana. Vejo
valor na parte intermediária da curva local de juros nominais, mas entendo que
o cenário externo possa prejudicar seu desempenho no curto-prazo. Tenho
dificuldades em alongar muito a duration
devido aos vetores externos, e alocaria risco em conjunto com posições compradas em dólar.
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