China: Forte queda das bolsas

O destaque da noite ficou para a forte queda das bolsas na China, com o Shangai Composite apresentando queda de 4%. É importante ressaltar, contudo, que a queda nas bolsas do país acontecem em um pano de fundo de rápida e acelerada alta ao longo dos últimos meses. Assim, a queda de hoje pode ser caracterizada, pelo menos por hora, apenas como uma correção técnica, natural e saudável, dentro de um processo de alta. Em termos de trigger para o movimento, não vi nenhuma notícia específica, exceto por uma possível elevação dos “margins requeriment“ por parte de alguns brokers locais para posições alavancadas (Huatai Securities and Tebon Securities raised margin requirement for margin trading and short selling to control risks, Shanghai Securities News reports, without citing anyone.). Finalmente, contudo, acho importante frisar que a alta das bolsas locais vem ocorrendo mesmo em um ambiente de desaceleração econômica. A expectativa de uma postura mais proativa a agressiva na condução da política monetária local, assim como ocorreu no passado recente nos EUA, Europa e Japão, tem sido o principal canal propulsor das bolsas no país. Caso estas expectativas não sejam atendidas, ou a economia mostre dificuldades ainda maiores para se recuperar, este movimento pontual de correção pode vir a se tornar um movimento maior e mais expressivo de queda dos ativos locais.

Os demais ativos de risco operam próximos a estabilidade esta manhã. O EUR apresenta mais uma rodada d queda, com o 1.12 tendo se mostrado uma importante resistência de curto-prazo para a moeda. As demais moedas. o mercado de commodities e as bolsas na Europa operam próximos a estabilidade, com um leve fechamento de taxas de juros nos países desenvolvidos.

A agenda do dia terá como destaque o ISM Non-Manufacturing nos EUA.

Na Austrália, como era esperado pelo mercado, o RBA cortou as taxas de juros em 25bps para 2%. A despeito da queda, a ausência de uma indicação mais clara de futuros cortes adicionais de juros estão dando suporte ao AUD essa manhã, com a curva local de juros abrindo cerca de 10bps ao longo de toda a curva.

Na Europa, frente aos recentes indicadores de crescimento e inflação, encorajadores do ponto de vista de recuperação da economia, a União Europeia anunciou uma revisão de sua previsão de alta para o PIB (de 1.3% para 1.5%) e para a inflação (de -0.1% YoY para 0.1% YoY) em 2015. No tocante a Grécia, a situação permanece fluida, porém indefinida. Em um artigo no FT de ontem a noite, o FMI parece ter sinalizado que poderá cortar a ajuda financeira ao pais caso não hajam avanços concretos nas negociações. Esta postura me parece fazer parte de um processo longo e tortuoso de negociações. Ainda vejo um acordo como o sendo o cenário base, mesmo entendendo que podemos voltar a ter algum ruído pontual ao longo dos próximos dias.

No que diz respeito aos mercados, mantenho minhas visões (vide abaixo). Irei revisita-las caso os dados econômicos de curto-prazo não corroborem a minhas teses, ou na eventualidade de algum risco inesperado surgir no cenário.

Como comentei ao longo de toda a semana passada, o rompimento do patamar de 2% na Treasury de 10 anos nos EUA foi um evento técnico relevante para os mercados. Com os fundamentos agora seguindo na mesma direção, podemos estar diante do começo do retorno das tendências que predominaram no começo do ano (alta do USD, pressão nas commodities, um ambiente mais desafiador para renda fixa e câmbio dos países emergentes, abertura de taxas de juros nos EUA e range trade nas bolsas).

No Brasil, acredito que o BRL deva seguir a tendência global de apreciação do USD, com o 2,90 tendo se mostrado um forte suporte para a moeda norte americana. A despeito de ver valor na parte intermediária da curva local de juros, entendo que o cenário externo pode vir a prejudicar sua performace, pelo menos até que a Ata do Copom traga um visão mais clara das intenções do BCB de agora em diante. No mercado de renda variável local, os preços parecem já ter absorvido a redução dos riscos de cauda locais e externos. O valuation já se mostra meno atrativo, mas o técnico parece estar fazendo um preço desproporcional no curto-prazo. Assim, fica difícil prever até onde irá este movimento de recuperação da bolsa brasileira no curto-prazo, mas hoje parece que precisamos de alguma novidade no cenário, local ou externo, para frear este movimento.

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