Manhã agitada

Em uma declaração surpreendente e totalmente inesperada, um membro do ECB anunciou que o banco irá acelerar o programa de QE nos meses de maio e junho, antes da chegada do verão no hemisfério norte, com o intuito de evitar o período de menor liquidez do ano, em uma tentativa de não acentuar as distorções do mercado. As declarações favoreceram uma forte queda do EUR, que acabou dando suporte aos bonds nos países desenvolvidos e as bolsas da região e dos EUA, a despeito de observamos uma pressão no mercado de commodities durante a manhã de hoje.

No Brasil, o foco de curto-prazo permanece no corte do orçamento que será anunciado este mês. Segundo O Globo,para compensar a perda de arrecadação, a área econômica também estuda a elevação de um conjunto de impostos, a maioria por meio de decreto. Estão no radar ajustes no PIS-Cofins, com o fim dos regimes especiais; elevação da alíquota da Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) cobrada dos bancos; e aumento do IOF. Levy disse que quanto antes o Congresso aprovar as medidas do ajuste fiscal, mais rapidamente o governo poderá tocar os projetos de concessão de estradas e ampliação de portos e aeroportos. E admitiu que o corte no Orçamento deve ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões. De acordo com o Estado, além do corte de despesas no Orçamento deste ano, que deve ser da ordem de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões, o governo vai reduzir a previsão de receitas e de gastos obrigatórios. Também vai alterar a projeção oficial para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) e da inflação. As mudanças serão anunciadas até sexta-feira. A maior parte do corte será feita pela retenção de despesas discricionárias (que não são obrigatórias), como investimentos e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Também serão cortados investimentos financeiros, como os gastos com o programa habitacional Minha Casa Minha Vida. Segundo apurou o Estado, o corte desse tipo de despesa deve somar cerca de R$ 65 bilhões.

Na Inglaterra, o CPI apresentou queda de 0,1% MoM em abril, com o Core CPI saindo de 1% YoY para 0,8% YoY, ambos abaixo das expectativas do mercado. O RPI, uma outra medida de inflação adjacente, contudo, ficou dentro das expectativas com alta de 0,4% MoM e 0,9% YoY.

Na Alemanha, o ZEW, um dos principais indicadores de confiança de toda a Europa, caiu de 53,5 para 41,9, abaixo das expectativas de 49,0 pontos em maio. O indicador de situaão corrente saiu de 70,2 para 65,7 pontos, também abaixo das expectativas de 68 pontos. O número confirma um ambiente de perda de momento da economia do país que, em parte pode ser explicado pelo aperto das condições financeiras ao longo d mês, em especial, a alta do EUR, a elevação das taxas de juros de mercado e o aumento do incerteza em relação a Grécia.

Na Austrália, as Minutas da última reunião do RBA buscaram ratificar que o viés para novos cortes de juros continua, diferente da primeira interpretação do mercado após a decisão e o novo comunicado.

Em um artigo na Bloomberg, a China estaria se preparando para mais uma rodada de estímulos, com o intuito de dar mais um suporte ao crescimento do país: China is considering relaxing rules for bond sales in a bid to boost slowing economic growth, people familiar with the matter said Tuesday. China’s economic planning agency, the National Development and Reform Commission, is now seeking opinions on a draft proposal that would change rules on the bond sales it regulates in order to help investment funding, the people familiar said, asking not to be identified because the details are private. Xi and Premier Li Keqiang’s crackdown on the old, debt-fueled model of unrestrained growth have gummed up stimulus mechanisms, and restrictions on off-balance sheet financing vehicles are being relaxed.

Em linhas gerais, gostaria de ter uma maior visibilidade do cenário macro global para ter uma maior certeza em relação as reais assimetrias do cenário. Ainda acredito no retorno das tendências que prevaleceram no começo do ano (USD forte, pressão sobre as commodities e os ativos emergentes, abertura de taxas de juros, entre outras), mas confesso que será necessário o cenário macro confirmar uma recuperação mais robusta da economia dos EUA para este ambiente poder ser retomado. Enquanto isso, vale adotar uma postura mais oportunista e tática.
 
Em relação ao Brasil, ainda vejo valor em posições aplicadas na parte intermediária da curva, aliadas a posições compradas em USDBRL. Acredito que a banda de 2,97-3,07 deve ser usada em uma tentativa de maximizar as posições no mercado de câmbio, assim como operações de opções que busquem se apropriar de uma vol implícita ainda elevada, mas com delta comprado (flys, condors, etc). Para aqueles que buscam posições mais defensivas, os juros reais em torno de 6% ainda se mostram atrativos, mas com uma inflação implícita alta vis-a-vis um cenário em que o BCB se mostra mais comprometido com o centro da meta de inflação.

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