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A despeito de uma agenda relativamente esvaziada, os ativos de risco tiveram uma quinta-feira agitada. Ao que parece, a posição técnica do mercado está muito mais limpa do que há algumas semanas atrás, o que está ajudando o mercado a retomar as tendências verificadas nos últimos meses, em especial, a abertura de taxa de juros nos EUA, alta do USD e alguma pressão sobre os ativos emergentes.

Do ponto de vista econômico, a desaceleração norte americana parece pontual, visão que está ganhando força no mercado, e ajudando o movimento de hoje.

No Brasil, os ativos locais parecem viver dinâmica própria, ainda digerindo um noticiário marginalmente mais positivo da ótica política nos últimos dias. A taxa de desemprego apresentou alta de 6.8% para 7.4% em fevereiro, em linha com o que já vinha sendo mostrado pelo CAGED e pelas evidencias anedóticas recentes.

Acredito que já seja necessário olhar com atenção estratégias de opções altistas no USDBRL. Gosto de flys condors (flys: 3100/3200/3300 ou 3125/3200/3275 ou 3100/3150/3200 ou estrategias do gênero) aliadas a pequenas posições compradas via futuro para, eventualmente, se apropriar da vol implícita elevada. Mesmo vendo um ambiente de curto prazo mais animador, acredito que próximo ao patamar de 3.00, o BCB pode começar a rolar menos vencimentos de swap cambial, além de aumentar a probabilidade de reduzir o ritmo da alta de juros. A estratégia seria alocar a compra de USDBRL em “fatias”, começando em torno do atual patamar, mas mantendo espaço para aumentar caso a movimento positivo continue no curto-prazo. Ainda vejo uma tendência de longo-prazo altista no dólar. 

Acredito que o governo e o BCB entendem que o ajuste na moeda é um processo importante e necessário para a economia. Continuo olhando essas posições em conjunto com posições aplicadas na parte curta nominal de juros. A curva de juros reais, e as inflações implícitas, parecem ter feito um relevante ajuste nas últimas semanas, com as implícitas mais longas já operando em torno de 6%, com os juros reais na faixa de 6.15%-6.25%. Acredito haver pouca assimetria na parte curta da curva real, mas a barriga e a parte longa curva podem se apropriar deste fluxo positivo que vem entrando nos mercados locais nos últimos dias.

Nos EUA, o Jobless Claims apresentou alta marginal, se mantendo em patamar robusto e condizente com um cenário de continuidade de melhora no mercado de trabalho. A curva de juros norte americana teve um dia de importante abertura de taxas, elevando a probabilidade de uma alta de juros no meio do ano. De qualquer maneira, a curva continua mostrando uma alta de 25bs apenas em setembro, e apenas 30-35bps de alta de juros ao longo do ano. Esta precificação traz um importante desafio ao Fed, de manter viva a expectativa de alta de juros nos próximos meses, sem criar volatilidade e ruídos desnecessários. Ao que parece, teremos que conviver com um cenário de volatilidade mais elevada ao longo dos próximos meses, o que irá trazer desafios enormes para aqueles países mal posicionados para este processo, como boa parte dos países emergentes.

Com o crescimento global sendo revisado para baixo, mas com perspectivas ainda razoáveis, e uma liquidez ampla, provida pelo PBoC, BoJ e ECB, o mercado está olhando o cenário de curto-prazo como positivo para risco e carryContinuo vendo essa “janela” como pontual, podendo durar alguns dias/semanas. Contudo, ainda não vejo mudança de tendência dos grandes movimentos verificados ao longo dos últimos meses (USD forte, commodities em queda, pressão sobre ativos emergentes, 2.100 como teto para o S&P500 no curto-prazo, entre outros). A dinâmica do mercado verificada hoje me leva a crer que a posição técnica do mercado esteja mais “limpa”, o que pode ser um sinal importante de que as tendências verificadas nos últimos meses podem ser retormadas.

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