Consolidação...

A semana começa com uma agenda esvaziada e sem noticiário relevante. Os ativos de risco estão reagindo de forma positiva ao new flow do final de semana (mais detalhes abaixo), mas sem grandes movimentações, de maneira ainda bastante tímida.

A despeito de um cenário onde os riscos de cauda estão sendo dissipados aos poucos, mantenho minha visão afirmada na sexta-feira de que vejo os ativos de risco em um período de consolidação, onde não há tendências claras. Caso os problemas na Grécia seja solucionados, ou sejam “empurrados com a barriga” por mais alguns meses, e após as medidas mais agressivas na China, deveremos ter, novamente, o aumento do debate em torno do timing do começo de um processo de alta de juros nos EUA. Este pano de fundo, assim, deve atuar com uma importante resistência a continuidade do movimento de busca por risco.

Nos atuais níveis de preço, muitas classes de ativos oferecem menor atratividade, tanto devido a uma posição técnica menos atrativa, quanto devido a preços e valuations mais “esticados”. Se, por um lado, não vejo motivos para a continuidade “ad infinitum” das tendências que prevaleceram nos últimos meses, por outro lado, também não vejo motivos, por hora, para mudanças ou inversões completas desses movimentos. Não podemos descartar movimentos, como os verificados no final da semana passada, em que todos as “posições consensuais” do mercado sofreram movimentos de correções (Ex: bolsas em queda, USD em baixa, commodities em alta e etc).

No Brasilvejo um cenário político mais desafiador, em um momento em que os ativos locais já vieram de uma melhora expressiva nos últimos dias. Assim, não me surpreenderia em passarmos por um período negativo para os ativos locais. Acredito que o USDBRL seja o melhor ativo para se posicionar nesta direção, especialmente próximo ao patamar de 3.00. No mercado de juros, com a curva curt precificando altas de 45bps+33bps+20bps+10bps nas próximas reuniões do Copom, mesmo entendendo a mensagem de um BCB mais duro nas últimas semanas, acredito que a assimétria seja na ponta aplicada da curva de juros. Contudo, talvez não na parte curta, mas sim na parte intermediária da curva, partindo do pressuposto de que o BCB será mais duro no curto-prazo, mas já estaria próximo ao final do ciclo de alta de juros.

Como afirmei no final da semana passada, os ativos de risco estão hoje em patamares menos atrativos do que a algumas semanas atrás, além de a posição técnica já se mostrar mais alocada em ativos de risco neste momento, o que acaba deixando os mercados mais frágeis a ruídos pontuais, como o ocorrida na Grécia. Na minha visão, a janela positiva para os ativos de risco que eu vinha citando nos últimos dias foi encerrada. Ainda não vejo motivos para acreditar em uma inversão completa das tendências dos mercados, e esperar um cenário completo e prolongado "risk-off". Contudo, podemos passar agora por um período pontual de correção dos ativos de risco. A realização de lucros pontual pode vir a virar algo mais acentuado e prolongado caso os fatores citados acima se mostrem mais estruturais, ou seja, não haja um acordo na Grécia, e/ou a inflação norte americana mostre uma aceleração mais explícita, e/ou a situação econômica na China apresente mais uma rodada de deterioração. Por hora, os ranges recentes vem sendo confirmados, o que mostra que os mercados estão em um momento de consolidação. A volatilidade permanece elevada, mas não há nenhuma tendência clara de curto-prazo. Por exemplo, o S&P continua operando em uma banda entre 2.000 e 2.100, o DXY entre 95 e 100 e o BRL entre 3.00 e 3.15.

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