Update

A perspectiva de uma liquidez global abundante, em um ambiente de crescimento global razoável, e inflação sobre controle, continua ditando o humor dos ativos de risco, favorecendo um movimento de “risk-on” generalizado. Como comentei no começo da semana, os dados mais fracos da economia americana, aliados a maior liquidez na China, e o reforço do ECB de que o QE está longe do fim, me faz acreditar que a “descompressão” no USD e nos ativos EM seja pontual e localizada. Pode até ser que dure um pouco mais, com o mercado permanecendo nos ranges recentes, mas ainda acho cedo para alterar a visão de longo-prazo, onde o USD ainda deve continuar apreciando, com as commodities pressionadas, e os ativos emergentes ainda passando por rodadas de ajustes negativos. Em suma, parece estarmos diante de mais uma acomodação de curto-prazo das tendências que vem sendo vistas nos últimos meses, processo que pode durar alguns dias/semanas. De maneira geral, contudo, ainda não vejo motivos para alterar a visão de longo-prazo. A visão de longo-prazo será alterada caso a desaceleração norte americana se mostre mais duradoura, e/ou a Grécia não entre em acordo com seus credores, declarando default de sua dívida, e/ou a desaceleração da China não seja contida pelas medidas de suporte ao crescimento anunciadas até o momento. Estes seriam cenários alternativos, que precisam estar no radar.

Amanhã teremos a divulgação do Core CPI nos EUA. Nos atuais níveis de preço, me parece que uma surpresa altista (core CPI acima de 0.2% MoM) seja capaz de afetar os mercados de maneira mais acentuada (e negativa) do que uma surpresa baixista (core CPI abaixo de 0% MoM).

Brasil – O mercado de câmbio segue seguindo um humor externo mais negativo em torno do USD, além de uma janela mais positiva para ativos de risco. Acredito que este movimento seja pontual. O curto-prazo pode se mostrar um pouco mais desafiador para posições compradas em USDBRL, mas ainda vejo uma tendência gradual de alta do USD contra a moeda local. Abaixo dos 3.00, o mercado irá começar a questionar as rolagens dos swaps cambiais vincendo. Além de surgir uma demanda estrutural corporativa nos atuais níveis. Vejo um movimento de depreciação mais ordenado de agora em diante, o que deveria favorecer posições em estruturas de opção que se apropriem de uma vol implícita elevada. A curva de juros, por sua vez, apresentou um dia de realização de lucros, seguindo uma interpretação mais hawkish dos recentes discursos do BCB. No atual nível de câmbio, com o mercado ainda precificando cerca de 45bps na próxima reunião, gosto de posições aplicadas na parte curta da curva de juros local. No mercado de renda variável, o humor segue parecido com aquele verificado no câmbio. Além da redução dos riscos de cauda de curto-prazo, observamos um claro fluxo estrangeiro para bolsas EM e de Brasil em especial. Para os principais setores da bolsa, contudo, os valuations já não se mostram tão atrativos nos atuais níveis e com um pano de fundo macro ainda desafiador. No curto-prazo, contudo, estaremos reféns dos fluxos...

EUA – Os dados de atividade econômica hoje foram um pouco mais mistos. O grande desafio do Fed, neste momento, é manter viva as expectativas para uma alta de juros ainda este ano. A curva de juros, precificando uma alta de 25bps ao longo deste ano, com probabilidade de alta de 60% em setembro, parece justa. Enquanto isso, o USD parece passar por um “short squeeze” clássico de curto-prazo. Devemos observar sinais de preço, dinâmica, posição e dados de atividade para medirmos quando o USD poderá retomar sua tendência altista.

Europa – Todas as atenções estarão voltadas para a Grécia nos próximos dias. Acredito que os mercados se tornaram mais reativos aos ruídos provenientes do país. Hoje, inclusive, as bolsas da região já apresentaram forte queda, lideradas por uma acentuada alta de juros na Grécia. Não podemos descartar um cenário de “risk-off”, com o mercado sendo obrigado a empurrar os policy makers para uma solução intermediária, o que me parece o cenário base.

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