Update
Os ativos de risco tentaram dar continuidade ao movimento de “risk-on” verificado desde a divulgação dos dados de emprego de março nos EUA na sexta-feira, mas acabaram mostrando dificuldades em manter um tom de maior otimismo. Este price-action ratifica minha visão de que o número fraco de emprego norte americano abriu uma janela positiva de curto-prazo para os ativos de risco, ocorrendo em um ambiente de posição técnica favorável e começo de trimestre, quando os investidores acabam tendo maior propensão a adicionar risco em suas carteiras. Em um primeiro momento, as moedas, o mercado de renda fixa EM e commodities se favoreceram e, agora, estamos vendo uma resposta melhor das bolsas globais. Com o crescimento global sendo revisado para baixo, mas com perspectivas ainda razoáveis, o mercado está olhando o cenário como positivo para risco e carry. Continuo vendo essa “janela” como pontual, podendo durar alguns dias/semanas. Contudo, ainda não vejo mudança de tendência dos grandes movimentos verificados ao longo dos últimos meses (USD forte, commodities em queda, pressão sobre ativos emergentes entre outros). Períodos pontuais de acomodação e realização de lucros são amplamente naturais e saudáveis dentro de grandes tendências.
Assim, uma nova rodada de pressão no EUR, sem trigger específico, acabou dando suporte ao USD no mundo, ajudado por uma estabilização das taxas de juros nos EUA, após uma breve rodada de fechamento de taxas após Payroll. As commodities voltaram a operar em queda, enquanto as bolsas norte americanas continuam mostrando que o patamar próximo a 2.100 se mostra como um grande resistência de curto-prazo.
No Brasil, os ativos locais seguiram a tendência dos mercados externos, descrita acima. O BRL acabou operando sobre pressão, como o Ibovespa fechando próximo a estabilidade e o mercado de juros seguindo sua tendência de curto-prazo de fechamento de taxas.
Mantenho minha visão construtiva para a parte curta e intermediária da curva local de juros e, apesar de estar neutro no BRL no momento, olharia triggers (posição técnica, preço e/ou mudança de dinâmica) para adicionar posições compradas em USDBRL, até mesmo como hedge para a posição aplicada em juros. Por hora, o patamar de 3.08-3.10 tem se mostrado como um grande suporte ao USDBRL. Com as vols implícitas elevadas, estruturas de opção podem ser uma maneira interessante de se posicionar para aqueles que desejam ter exposição nesta classe nos atuais preços (flys e condor, por exemplo).
Brasil – Os números da ANFAVEA confirmaram um cenário extremamente desafiador para a economia local, apontando para mais uma queda da produção industrial em março. A agenda política da semana será extremamente importante, já que diversas medidas da pauta do Congresso na semana serão fundamentais para saber qual o real alinhamento da base aliada e do governo.
EUA – O JOLTs Job Opening mostrou um mercado de trabalho ainda aquecido em feveiro, em mais um sinal de que o arrefecimento recente da atividade é fruto de vetores pontuais e localizados. De qualquer maneira, não há pressa por parte do Fed em dar inicio a um processo gradual de alta de juros, cenário que hoje já parece entendido e precificado pelos mercados.
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