Brasil: Avanços políticos!?

Após mais uma noite de solidez para as bolsas da Ásia, lideradas por uma rodada de alta nas bolsas da China e do Japão, os ativos de risco estão operando em tom majoritariamente positivo esta manhã. Na agenda do dia, o destaque ficará por conta do IPCA e do IGP-DI de março no Brasil e das Minutas do FOMC nos EUA. Abaixo, seguem os destaques da noite:

Brasil – De acordo com a Folha, Dilma transferiu a articulação política junto ao Congresso para o seu vice, Michel Temer, após a recusa de Eliseu Padilha em assumir o posto. Segundo o artigo, Elogiada publicamente pelos peemedebistas, a escolha de Temer foi questionada reservadamente por colegas de partido. A avaliação é que o vice, hoje, não tem mais poder sobre o partido e terá dificuldades na nova missãoEm outra matéria do mesmo jornal, a Câmara parece ter alterado o texto no que tange a “Tereceirização” de alguns setores da economia, a pedido do Ministério da Fazenda, que temia perder arrecadação na ordem de R$20B por ano. A alteração do texto deve ser vista como mais uma vitória, ainda que marginal, do governo, em um sinal de aproximação junto a base aliada. De acordo com o Valor, Ministro admite rever taxa de retorno para cessão de portos, em uma outra mudança de postura mostrada pelo governo com o intuito de atrair o setor privado para áreas da economia que ainda demandam investimentos nos próximos anos, podendo se tornar um importante pilar de sustentação do crescimento econômico. Finalmente, o Senado adiou, mais uma vez, a votação do indexador da vida de estados e municípios. Como tenho apontado nas últimas semanas, de uma maneira ainda tortuosa e truculenta, e sem sinais concretos de sucesso, o governo vem mostra disposição em dialogar junto a sua base política e perante a população. Esta postura pode vir a facilitar a aprovação de medidas que venham a ser propostas, mas nada garante, ainda, que este processo será de fácil condução. Por hora, alguma aproximação vem sendo vista, levando ao sucesso em alguns itens da pauta do Congresso. É natural que derrotas por parte do governo ocorram ao longo do processo, mas o desejado é que estas derrotas não sejam relevantes para o todo do ajuste econômico proposto no início do mandato.

Europa – O Factory Orders de fevereiro, na Alemanha, apresentou queda de 0.9% MoM, muito abaixo das expectativas de alta de 1.5% MoM e após queda de 2.6% MoM no mês anterior. O número mostra, assim como vimos em grande parte do hemisfério norte, um arrefecimento do crescimento no primeiro trimestre do ano. Ainda vejo essa acomodação como pontual. A Alemanha continua sendo um dos principais pilares de crescimento da Europa, mas deve ser ajudada por alguns países da periferia nos próximos anos, que já mostram sinais, cada vez mais claros, de uma recuperação mais persistente após a crise de 2011. Ainda vejo um cenário positivo para bolsas e bonds Europeus, com o EUR devendo manter uma trajetória declinante, mesmo que não na mesma velocidade do passado recente. Períodos pontuais de correção destas tendências podem, e devem, ocorrer ao longo do processo.

Japão – Como era amplamente esperado, o BoJ manteve sua política monetária estável na reunião realizada durante a madrugada. Existe hoje uma grande discussão no mercado de qual será a disposição do BC japonês em adicionar mais liquidez perante um cenário de inflação pífia e crescimento em recuperação, mas muito aquém do desejado. Acredito que, caso não vejamos uma melhora do ambiente para a inflação e o crescimento, o BoJ será forçado a anunciar novas rodadas de afrouxamento monetário ainda este ano. Assim, desenha-se um cenário muito parecido ao cenário europeu descrito acima, positivo para as bolsas do país e negativo para o JPY.

China – O país passa por um momento de baixo crescimento, que vem sendo combatido com medidas de estímulo monetário, fiscal e creditício por parte do governo, que optou por adotar uma postura mais proativa e agressiva na condução dessas políticas nos últimos meses. A despeito dos claros sinais negativos que vem sendo passados pelos indicadores de crescimento, inclusive as commodities dependentes da demanda chinesa, a bolsa do país vem atingindo picos de 7-8 anos. O movimento me parece um movimento claramente liderado pela aumento de liquidez no país (assim como vimos ocorrer nos EUA após a crise de 2008 e os sucessivos QE´s, e o que está ocorrendo neste momento na Europa e Japão, cujos os BC´s adotaram postura mais agressiva nos últimos meses) e pela ausência de investimentos atrativos, já que o mercado imobiliário para por uma período de desaceleração e o mercado de crédito, neste momento, é percebido como muito arriscado. A alta das bolsas do país, a meu ver, em nada se compara a cenário de crescimento chinês.

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