Update
A semana teve inicio ainda devagar, a
reboque do feriado em grande parte da Ásia e da Europa. De qualquer maneira, tivemos
desenvolvimentos interessantes nos mercados globais. As bolsas norte americanas
apresentaram forte rally, ao contrário do que eu imaginava. Ainda vejo o
patamar de 2.100 como grande resistência para o S&P500. O mercado de
commodities, ainda refletindo o fechamento de taxa de juros dos EUA na
sexta-feira, apresentou forte alta, liderado pelo Petróleo (+6%), em um claro
movimento de “short squeeze” clássico. O mercado de moedas teve uma
segunda-feira de reversão do USD fraco verificado na sexta-feira, enquanto a
curva de juros norte americana apresentou forte steepening.
Como comentei na sexta-feira, vejo os
dados de emprego de março nos EUA como vetores pontuais de acomodação das
tendências que vinham sendo regra nos últimos meses (USD forte, commodities em
queda, alta nas taxas de juros norte americanas e etc), mas ainda não vejo
motivos para que essas tendências sejam revertidas. A volatilidade dos ativos
de risco deve permanecer mais elevada de agora em diante, com os mercados mais
reativos aos dados de atividade, emprego e inflação nos EUA. Assim, o cenário
requer uma postura mais dinâmica na alocação das carteiras.
Brasil – Os ativos
locais apresentaram grandes dificuldades em mostrar bom desempenho hoje, mesmo
diante do rally dos seus pares na sexta-feira, o que pode ser visto como
um sinal de cautela após a breve recuperação verificada nos últimos dias. A
curva de juros, pegando o Jan17 como base, já apresentou acentuada queda nos
últimos dias, saindo de 14% para próximo a 13%. Mesmo assim, o mercado ainda
precifica altas de 45bps+30bps+20bps nas próximas reuniões do Copom. A Coleta
IPCA saiu de um patamar de 1.5% para 0.75% nos últimos dias, o que deve
confirmar um patamar de inflação mais moderado a partir de abril. Além disso,
os sinais de crescimento são inequivocamente negativos, com as evidencias
anedóticas de uma Pascoa pífia, além de todos os sinais já demonstrados pelos
indicadores de confiança e atividade.
Mantenho minha visão construtiva para
a parte curta e intermediária da curva local de juros e, apesar de estar neutro
no BRL no momento, olharia triggers (posição técnica, preço e/ou mudança
de dinâmica) para adicionar posições compradas em USDBRL, até mesmo com hedge
para a posição aplicada em juros. Com as vols implícitas elevadas, estruturas
de opção podem ser uma maneira interessante de se posicionar para aqueles que
desejam ter exposição nesta classe nos atuais preços (flys e condor,
por exemplo)
EUA – O ISM
Non-Manufacturing saiu de 56.9 para 56.5 pontos em março, em linha com as
expectativas. O indicador é uma das únicas evidencias de crescimento estável
que observamos nas ultimas semanas. Todos os demais indicadores de atividade
apontam para uma economia mais fraca neste começo de ano. O Labor Market
Condition Index, indicador mais amplo de emprego compilado pelo próprio Fed,
apresentou queda de 0.3 em março, após alta de 2.0 em, fevereiro (revisado de
4.0) em um claro sinal de arrefecimento do mercado de trabalho.
Ainda vejo a desaceleração deste
começo de ano como sazonal e fruto de vetores pontuais, tais como o frio que
afetou a costa leste e a paralização dos portos na costa oeste. Ainda acredito
que a economia do país seja capaz de apresentar crescimento em torno de 2.5%-3%
nos próximos anos. De qualquer maneira, só teremos certeza deste cenário nos
próximos 2-3 meses, o que pode ajudar na acomodação dos movimentos que vimos
até cerca de 1 semana atrás, como a alta do USD e a abertura de taxa de juros
nos EUA.
A curva hoje precifica cerca de 10bps
de alta de juros em setembro e 25bps de alta em dezembro, ou seja, apenas uma
alta completa de juros em 2015. No cenário atual, este cenário hoje parece
justo. Contudo, o mercado deve continuar bastante reativo aos dados de
atividade, inflação e emprego, mantendo a volatilidade dos ativos de risco mais
elevada.
Europa – Com o feriado
prolongado, a Grécia sai um pouco das manchetes da mídia. Contudo, com a volta
do feriado na terça-feira, podemos ter novidades em torno das negociações entre
o país e seus credores. Ainda vejo um acordo como sendo o cenário mais
provável. Todavia, a ausência de acordo pode ser um evento de cauda
excepcionalmente grande para os ativos de risco, o que requer atenção especial.
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