Update
Brasil
– O
dia foi novamente de divergência para os ativos brasileiros, com o quadro técnico
local tendo um impacto desproporcional na dinâmica dos ativos. A quarta-feira
foi, novamente, de alta no dólar, fechamento de taxa de juros e queda na bolsa.
O movimento do BRL chama a atenção, por ser o segundo dia consecutivo de
performance relativa muito pior do que os seus pares. Acredito
que, o não rompimento do nível de 2,90 no BRL, por hora, deveria fazer com que
o mercado trabalhe um pouco no nivel de 2,90/3,00. A
retomada da tendência de alta do USD, contudo, irá requerer um trigger específico, seja de preço,
posição técnica ou fundamento. Acredito que a dinâmica do dólar no mundo
precisa ser alterada para o BRL retomar uma tendência mais clara de
depreciação, ou uma nova rodada de news flow negativo em termos locais. Por
hora, espero um range trade em torno
dos níveis citados anteriormente. Estaria olhando para adiconar risco na compra
de USDBRL. O mercado de juros, por sua vez, opera na expectativa do
Copom, com os investidores, mais uma vez, vislumbrando a possibilidade do Copom
sinalizar para a proximidade do fim do ciclo de alta de juros. Vejo valor na parte curta e intermediária da curva local de
juros.
No mercado de renda variável, o “short squeeze” parece ter
perdido força. A queda de quase 5% no minério de ferro pesou sobre a Vale,
enquanto os setors domésticos voltaram a sofrer com as perspectivas ruins de
emprego e renda, situação que deve perdurar por um longo tempo.
No cenário econômico, o
superávit do setor público ficou abaixo das expectativas, mostrando o enorme
desafio que a equipe econômica terá para atingir as metas propostas no começo
do mandato. A mídia continua ventilando a informação de um pacote amplo de
concessões, que ajudariam a destravar investimentos e dar algum suporte ao
resultado fiscal.
EUA
– o
dia foi marcado por um movimento claro de “Short
US”. O dia foi de bolsas, bonds e USD em queda. Os
movimentos me parecem puramente técnicos. No caso do USD, a fraqueza
apresentada pelo PIB, em um ambiente de posições ainda elevadas na compra
dólar, está ajudando o movimento de fraqueza da moeda. As bolsas norte
americanas, pegando o S&P500 como parâmetro, ainda operam nos highs históricos, mas com imensa
dificuldade em atravessar estes patamares. Ainda vejo o patamar de 2.100 como
uma grande resistência do mercado. Com P/E em torno de 17x, crescimento frágil,
inflação levemente mais firme e possibilidade de alta de juros, vejo pouco
assimetria na compra de bolsa americana nos atuais níveis. Os bonds, por sua
vez, seguiram o sell-off na Europa
(vide abaixo).
O Fed fez um “market-to-market”
do cenário, como era amplamente esperado. O primeiro parâgrafo mostra
claramente um cenário de atividade fraca e inflação abaixo do desejado (dovish),
mas uma melhora na renda e a confiança dos consumidores ainda elevada
(hawkish). Além disso, afirmam que parte da fraqueza da economia é explicada
por fatores transitórios. Dado o nível da curva curta de juros, diria que o
comunicado foi neutro.
Europa
– O
dia foi marcado por um forte sell-off
dos Bunds na Alemanha. Podemos citar
vários vetores responsáveis pelo movimento: Inflações regionais mais elevadas
na Alemanha, dados de agregados monetários mais fortes, a decepção do Riskbank
na Suécia não caindo os juros, como era esperado, uma temporada agitada de
emissões de corporate bonds, que
trazem uma demanda por hedge (short
bunds/treasury), entre outros
Vejo o
movimento no mercado global de bonds
como puramente técnico. Não vejo alterações de fundamentos para justificar este
padrão, mas dado a velocidade e iliquidez dos mercados, não descarto novas
rodadas nesta direção. Com um forte movimento de fechamento de taxa verificado
nos últimos meses, e níveis já excessivamente baixos de juros, uma abertura de
taxas seria surpreendente para os mercados, o que torna sua probabilidade mais
elevada dado a posição técnica. O rompimento do patamar de 2% na Treasury
10yrs, em especial, pode acabar levando as taxas a níveis mais elevado, em
torno de 2,20%-2,25%
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