Basil: Novo embate entre o governo e o congresso

A noite foi de poucas novidades no cenário externo, mas os jornais locais de hoje trazem alguns sinais negativos (mais detalhes abaixo), após uma rodada de aproximação entre o governo e sua base aliada. A movimentação dos ativos de risco continua errática e sem grandes correlações, em uma claro viés de acomodação das tendências que prevaleceram ao longo dos últimos meses, como temos chamada a atenção neste fórum nas últimas semanas. A agenda do dia traz o Jobless Claims nos EUA como destaque, enquanto no Brasil teremos a divulgação da taxa de desemprego de fevereiro.

Brasil – Os jornais de hoje trazem novos sinais negativos para a articulação política do governo. Enquanto a Folha afirma que Temer negocia com Dilma pacote para acalmar PMDB, o mercado jornal declara que o “PMDB da Câmara ensaia impor nova derrota ao govero”. Segundo o artigo, a Câmara pretende colocar em votação a PEC que limita o número de ministérios em 20. Além disso, em derrota do governo, a Câmara aprovou projeto sobre a terceirização. O texto principal exclui parte das mudanças propostas pela Fazenda. Em entrevista ao O Globo, Arminio Fraga declara que “ajuste de Levy peca pela qualidade e é insuficiente”. Finalmente, segundo o Valor, o modelo de exploração do Pré-sal pode ser revisto. De acordo com Eduardo Braga. Ele não indicou qual deve ser a dimensão das mudanças que podem surgir no setor, mas defendeu a abertura do debate sobre duas premissas adotadas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva: a obrigação de a Petrobras entrar como operadora única, conforme previsto no regime de partilha da produção, e as exigências de política de conteúdo nacional.

Acredito que este tipo de ruído na articulação política, essas derrotas do governo, fazem parte do processo político, especialmente em um ambiente hostil e com a base de sustentação do governo rachada. De qualquer maneira, adiciona ruído em um cenário ainda fragilizado.

Acredito que já seja necessário olhar com atenção estratégias de opções altistas no USDBRL. Gosto de flys condors com vencimentos curtos e mais longos (flys: 3100/3200/3300 ou 3125/3200/3275 ou 3100/3150/3200 ou estrategias do gênero) aliadas a pequenas posições compradas via futuro para, eventualmente, se apropriar da vol implícita elevada. Mesmo vendo um ambiente de curto prazo mais animador, acredito que próximo ao patamar de 3.00, o BCB pode começar a rolar menos vencimentos de swap cambial, além de aumentar a probabilidade de reduzir o ritmo da alta de juros. A estratégia seria alocar a compra de USDBRL em “fatias”, começando em torno do atual patamar, mas mantendo espaço para aumentar caso a movimento positivo continue no curto-prazo. Ainda vejo uma tendência de longo-prazo altista no dólar. Acredito que o governo e o BCB entendem que o ajuste na moeda é um processo importante e necessário para a economia. Continuo olhando essas posições em conjunto com posições aplicadas na parte curta nominal de juros. A curva de juros reais, e as inflações implícitas, parecem ter feito um relevante ajuste nas últimas semanas, com as implícitas mais longas já operando em torno de 6%, com os juros reais na faixa de 6.15%-6.25%. Acredito haver pouca assimetria na parte curta da curva real, mas a barriga e a parte longa curva podem se apropriar deste fluxo positivo que vem entrando nos mercados locais nos últimos dias.

Europa – Após a surpresa negativa do Factory Orders divulgado ontem, hoje foi a vez da produção industrial de fevereiro, na Alemanha, decepcionar as expectativas. A alta no mês foi de 0.2% MoM, mas após forte revisão baixista de +0.6% MoM para -0.4% MoM no mês anterior. O numero ratifica um crescimento mais moderado do país neste inicio de ano, mas ainda não vejo mudança no cenário relativamente positivo para o crescimento do país e da região ao longo deste ano.

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