Grécia em foco

Com a aproximação do prazo para um acordo entre a Grécia e seus credores, aliado a uma deterioração exponencial das condições econômicas do país nas últimas semanas e na ausência de um acordo até o momento, os ativos de risco estão abrindo a terça-feira em tom um pouco mais negativo, com um leve viés de “risk-off”. Puxadas por uma queda nas bolsas da Europa, as bolsas dos EUA operam em leve queda, o que está ajudando o fechamento de taxas de juros no mundo desenvolvido e mais uma rodada de pressão sobre as commodities. O mercado de moedas, por sua vez, opera próximo a estabilidade neste momento.

Com a proximidade do esgotamento de caixa do governo na Grécia, os ruídos em torno do país parecem estar aumentando. Mesmo vendo um default como um “evento de cauda”, os mercados podem ganhar volatilidade nos próximos dias, até que uma solução seja anunciada. Ainda vejo uma solução intermediária como o mais provável, mas não há duvidas que, e medida que o tempo passa e uma solução não é encontrada, aumentam-se as chances de evento imponderável. Para aqueles com uma visão mais negativa, ou com necessidade de defender portfólios mais agressivos, as puts de bolsas europeias apresentam vol implícita baixa, se mostrando um bom e prudente instrumento de hedge para uma eventual ausência de acordo.

A agenda do dia será recheada e relevante. Destaque para os resultados corporativos do JPM e Wells Fargo, além das vendas no varejo e do PPI nos EUA. A agenda no Brasil será esviziada.

Brasil -  Segundo os jornais, o balanço da Petro será apresentando ao conselho dia 22 deste mês. Sendo aprovado, irá ser divulgado ao mercado. De acordo com O Globo, o decreto com os cortes no Orçamento de 2015 sairá nos próximos dias. Segundo informação da área econômica, a tesourada deverá ser de cerca de R$ 70 bilhões. De acordo com o Valor, a Petrobras deve fazer dois tipos de ajuste no balanço que a administração da estatal pretende aprovar e publicar dia 22. Ontem, a estatal informou que nesse dia o conselho se reunirá para discutir as demonstrações financeiras do terceiro trimestre e de 2014. Estimativas apuradas pelo Valor indicam um intervalo de R$ 14 bilhões a R$ 28 bilhões de impacto total. A despeito dos desafios que ainda se colocaram a frente do governo nos próximos meses, não há dúvidas de que avanços concretos estejam sendo atingidos. A possível divulgação do balanço da Petro pode ser mais um importante evento para o país, retirando um imenso risco de cauda para a economia local.

O patamar de 3.07-3.08 tem mostrado um grande suporte para o USDBRL, assim como o nível de 13.00% no Jan17. A curva nominal de juros teve um dia de leve abertura de taxa e pequeno steepening ontem, condizente com o movimento de depreciação do câmbio. O mercado segue precificando, grosso modo, altas de 40bps+25bps+15bps+5bps nas próximas reuniões do Copom. Mantenho minha visão de estar aplicado na curva curta nominal e na curva longa real de juros, em conjunto com posições compradas em USDBRL.

Europa – A produção industrial da Área do Euro apresentou alta de 1.1% MoM em fevereiro, acima das expectativas de alta de 0.4% MoM. A despeito das surpresas negativas co crescimento da Alemanha recentemente, a economia da região parecem bem posicionada para um crescimento saudável este ano. O afrouxamento das condições monetárias na região, com juros baixo, QE agressivo, queda do EUR e alta nas bolsas sendo importantes pilares de sustentação da economia.

China – Em um pano de fundo de crescimento pífio, o PBoC vêm adotando uma postura mais agressiva na condução de sua política monetária, a despeito da ausência de qualquer tipo de anuncio oficial de corte de juros ou compulsório. Nos últimos dias, através de operações de mercado aberto, o PBoC vem guiando as taxas de juros do país para níveis mais baixos, com claro objetivo de estimular a demanda, através do canal de juros mais baixos.

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