Japão: Novo pico na bolsa

A bolsa do Japão fez um high de 15 anos durante a noite, o que está ajudando as bolsas da Europa a atingirem high de cerca de 8 anos esta manhã. Mesmo neste ambiente, com um valuation já menos atrativos (176x a 18x P/E) e com a perspectiva de alta de juros no país, o S&P segue operando em uma banda entra 2.050 e 2.100. Dando prosseguimento ao movimento de ontem, o USD opera em alta ao redor do mundo, com as taxas de juros americanas relativamente estáveis. As commodities apresentam leve recuperação esta manhã.

A agenda do dia será esvaziada, sem dados econômicos relevantes nos EUA ou no Brasil. O discurso de alguns membros do Fed pode ajudar o mercado a delinear o que se passa na cabeça do BC norte americano. Acredito que o desafio do comitê será manter viva as expectativas de alta de juros no segundo semestre deste ano, com o objetivo de evitar volatilidade elevada quando o começo de um processo de alta de juros seja realmente necessário. Diante deste ambiente, acredito que as correções do USD e dos juros norte americanos serão rápidas, pontuais e pouco acentuadas, mantendo a tendência de longo-prazo inalterada, ou seja, abertura de taxa de juros nos EUA e USD forte, um cenário que costuma ser mais desafiador para os ativos emergentes.

Brasil – Não vi nenhuma novidade relevante no cenário. Os jornais de hoje ainda estão digerindo a nomeação de Temer para a articulação política do governo, além da ida de Vaccari a CPI. Segundo O Globo, Em nova derrota do governo, a Câmara dos Deputados aprovou emenda que quebra o sigilo das operações de financiamento do BNDES. Mas, segundo Eduardo Cunha, a medida deverá ser vetada pelo Planalto por ser inconstitucional. De acordo com Alex Ribeiro, do Valor, O BC quer chegar na meta antes do fim de 2016.

Em relação aos mercados locais, vale a pena ressaltar que o Jan17 respeitou um nível técnico importante (vide gráfico abaixo). Com o mercado precificando altas de 40bps+25bps+15bps nas próximas reuniões do Copom, é natural esperar que trabalhe um pouco nos atuais níveis. Caso haja o rompimento deste patamar, contudo, não podemos descartar que o mercado “embarque” na visão de fim de ciclo de alta de juros, com mais uma rodada de fechamento de taxas de juros.  Ainda tenho o viés de acreditar que, se o câmbio permanecer mais contido, aumentam exponencialmente as chances do BCB começar um processo de finalização do ciclo de alta de juros. Vejo valor na parte curta da curva, mas gosto de posições visando a alta do USDBRL em conjunto com estas posições.

China – O CPI ficou estável em 1.4% YoY, e o PPI saiu de -4.8% YoY para -4.6% YoY em março, ambos levemente acima das expectativas. A manutenção de um quadro de inflação baixa no país deixa espaço para que o PBoC mantenha uma política monetária mais proativa e agressiva, com o intuito de colocar um piso no crescimento. Continuo trabalhando com um crescimento estruturalmente mais baixo da China de agora em diante, mas vejo que o governo local, especialmente em uma economia ainda bastante planejada, detém os instrumentos necessários para fazer com este processo seja gradual e suave.

Europa – Após as decepções do factory orders e da produção industrial da Alemanha, hoje foi a vez da França mostrar um crescimento mais brando neste começo de ano. A produção industrial de fevereiro no país ficou estável, após a alta de janeiro ser revisada de 0.4% MoM para 0.3% MoM. NA Inglaterra, a produção apresentou alta de 0.1% MoM no mesmo mês, muito abaixo das expectativas de 0.3% MoM. Vejo esta desaceleração da região neste primeiro trimestre do ano com pontual e ainda trabalho com um cenário crescimento baixo porém positivo ao longo do ano. O ambiente ainda me parece favorável as bolsas e aos bonds europeus, com o EUR mantendo sua tendência descendente nos próximos meses.

Jan17
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