Update

O mercado reagiu de forma clássica aos números de emprego norte americanos. As bolsas no país fecharam nos lows do dia, o mercado de bonds e FX ainda opera por mais 2 horas. USD fraco, fechamento de taxas de juros nos EUA e bolsas em queda deram a dinâmica do dia.

Acredito que os números de hoje (mais detalhes abaixo) sejam favoráveis ao BRL e ao mercado local (Brasil) de juros no curto-prazo, mas vejo o movimento como puramente pontual. Talvez tenhamos algumas semanas de menor pressão proveniente da possibilidade de uma alta de juros nos EUA o que, aliado a um quadro político interno mais calmo, pode acabar ajudando os ativos brasileiros. Tenho dificuldades em ficar vendido em USDBRL em um ambiente em que ainda vejo uma tendência de longo-prazo de alta do USD no mundo, por isso prefiro adotar postura neutra na moeda no curto-prazo. Em relação ao mercado local de juros, continuo vendo valor na curva. A estabilização do BRL talvez seja o vetor que precisava para o BCB encerrar o ciclo de alta de juros. Assim, vejo uma chance crescente de uma melhora mais acentuada nesta classe de ativos.

A curva de juros americana já precifica a primeira alta de juros apenas no final do ano (dezembro), com queda expressiva da probabilidade de alta em setembro. É natural esperar um período mais prolongado de consolidação do USD no mundo, com potenciais rodadas de queda da moeda norte americana frente a um mercado excessivamente comprado em USD. Os mercados estão em pontos técnicos importantes, com várias moedas atingindo resistências que, eventualmente, se rompidas, podem acelerar o movimento de queda do USD. Vejo este movimento como natural e saudável, mas ainda acho cedo afirmar que a tendência de alta do USD tenha se descaracterizado. Olharia oportunidades para comprar USD ao longo das próximas semanas, tendo em mente que o curto-prazo pode ser um pouco mais desafiador para estas posições. Assim, mantenho um viés neutro no USD, olhando para eventuais triggers, seja preço, ajuste de posição ou sinais mais encorajadores de crescimento, para voltar a alocar risco na ponta compradora do USD.

No meu ponto de vista, o patamar de 2.100 pontos se apresentará como uma forte resistência de curto-prazo para o S&P500, com o nível de 1.990/2.000 pontos se mostrando o próximo grande suporte. Acho válido assinalar que, nas últimas semanas, números fracos de crescimento nos EUA deixaram de ser vistos como positivos para as bolsas do país, como foi a regra ao longo dos últimos anos, já que apontava para uma política monetária mais frouxa por um tempo ainda mais prolongado. No curto-prazo, com um P/E já mais elevado (na faixa de 16x/17x), e com perspectivas cadentes de earnings (E), o mercado passou a olhar o menor crescimento de curto-prazo como sinal de resultados mais fracos para o setor corporativo. Além disso, a política monetária do Fed já está bastante frouxa e, independente do timing do começo de um processo de alta de juros, não parece haver espaço para novas medidas de expansão monetária, ou seja, a direção será uma só, a de aperto das condições monetárias no país, mesmo que esta postura seja adiada por alguns meses. Assim, não descarto uma correção mais acentuada das bolsas norte americanas ao longo dos próximos meses.

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