Grécia, China e Alemanha
A noite trouxe alguns
desenvolvimentos que merecem destaque essa manhâ.
Grécia – O governo divulgou um
decreto que obriga as estatais a depositarem suas reservas excedentes em contas
do banco central. A medida precisa ser aprovada pelo parlamento, mas algum
ruído já está sendo criado do ponto de vista político. Medidas nesta linha já
vigoram em outros países da Europa. As informações sobre o caixa das empresas estatais,
e do próprio governo, são desencontradas e pouco confiáveis. Segundo a mídia,
contudo, está medida poderia manter o país solvente por algumas semanas
podendo, inclusive, sobreviver até fins de maio, sem a necessidade de um default ou de recursos do programa de ajuda
financeira. A Grécia parece em busca de tempo, a fim de manter uma postura
agressiva nas negociações junto a seus credores. Caso a medida seja aprovada,
as negociações, e a incerteza em torno deste tema, podem se arrastar por mais
algumas semanas, sem avanços concretos ou uma solução definitiva.
China – O país aprovou a injeção
de cerca de $60b de suas reservas internacionais em 2 bancos estatais. Este
tipo de medida já foi utilizado no passado. O objetivo é dar maior solidez aos
bancos, principalmente para liberar mais crédito a economia, mas para tentar,
no futuro, abrir parte do capital destas instituições. A recapitalização dos
bancos parece ser mais uma medida de estímulo ao crescimento, com o principal
objetivo de abrir espaço para o financiamento de infraestrutura e de projetos
de longo-prazo.
De
acordo com a Bloomberg, “China Sees First Bond Default by State Firm With Tianwei “ .
Com um cronograma de vencimentos de dívidas corporativas elevado nos próximos
meses, já vinha sendo bastante debatido no mercado a possibilidade de uma onda
de defaults. Até pouco tempo atrás, o governo chinês era totalmente avesso a
qualquer tipo de default, sempre oferecendo alternativas e bailouts para as empresas. Com o avanço das reformas financeiras
ocorridas mais aceleradamente nos últimos meses, o governo parece ter concluído
que já existem condições suficientes para o mercado funcionar de maneira mais livre,
retirando do mercado a percepção de que nunca haveria defaults no país. A
medida me parece estruturalmente positiva, pois mostra comprometimento do
governo com as reformas estruturais. Caso, contudo, os defaults se tornem mais
corriqueiros, podemos observar ruídos pontuais nos mercados.
Alemanha – o ZEW – um dos
principais indicadores de confiança de toda a Europa – saiu de 54,8 para 53,3
pontos em abril, levemente abaixo das expectativas de 55,3. A despeito da leve
queda do indicador de expectativas, o índice de situação corrente subiu
acentuadamente, passando de 55,1 para 70,2 pontos, muito acima das expectativas
de 56,5. Ao que tudo indica, os ruídos em torno da Grécia parecem estar pesando
sobre as expectativas dos agentes econômicos na região. Contudo, a postura
agressiva do ECB com o QE, aliado a queda do EUR e a alta nas bolsas, está
favorecendo um alivio nas condições financeiras da região, que continuam dando
suporte ao crescimento europeu no curto-prazo.
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