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As vésperas do feriado de Pascoa e Pessach, em começo de um novo trimestre, o mercado parece estar colocando o “dinheiro para trabalhar”. Neste cenário, estão se favorecendo os mercados de moedas (USD fraco) e as bolsas emergentes. O movimento está sendo ajudado pelo quadro técnico, extremamente comprado em USD, e negativo com os ativos dos países emergentes. Vejo este movimento como pontual. Ainda não vejo sinais de mudanças de fundamentos que justifiquem uma mudança estrutural de tendência. Assim, podemos ter um curto-prazo de acomodação (leia-se recuperação dessas classes de ativos), que pode acabar sendo maior do que alguns esperam, mas ainda vejo problemas estruturais que irão impedir uma melhora mais fundamental dos ativos emergentes e uma queda mais consistente do USD.

O maior exemplo disso pode ser tomado pelo mercado de commodities. Estamos no que parece ser uma longa e acentuada tendência de queda de preços. A classe de ativos mostra enormes dificuldades em mostrar uma recuperação mais sustentável, com os movimentos de alta se provando rápidos, pontuais porém pouco acentuados.

No meu ponto de vista, o patamar de 2.100 pontos se apresentará como uma forte resistência de curto-prazo para o S&P500, com o nível de 1.990/2.000 pontos se mostrando o próximo grande suporte. Acho válido assinalar que, nas últimas semanas, números fracos de crescimento nos EUA deixaram de ser vistos como positivos para as bolsas do país, como foi a regra ao longo dos últimos anos, já que apontava para uma política monetária mais frouxa por um tempo ainda mais prolongado. No curto-prazo, com um P/E já mais elevado (na faixa de 16x/17x), e com perspectivas cadentes de earnings (E), o mercado passou a olhar o menor crescimento de curto-prazo como sinal de resultados mais fracos para o setor corporativo. Além disso, a política monetária do Fed já está bastante frouxa e, independente do timing do começo de um processo de alta de juros, não parece haver espaço para novas medidas de expansão monetária, ou seja, a direção será uma só, a de aperto das condições monetárias no país, mesmo que esta postura seja adiada por alguns meses. Assim, não descarto uma correção mais acentuada das bolsas norte americanas ao longo dos próximos meses.

Brasil – Os sinais, na margem, continuam mais positivos do ponto de vista político. A equipe econômica anunciou mais uma medida de ajuste de impostos na manhã de hoje (PIS/Cofins sobre aplicações financeiras de PJ), o que mostra disposição em promover o ajuste econômico prometido, mesmo diante das enormes dificuldades de coordenação junto a sua base aliada no Congresso. Diante das melhoras marginais do cenário político, os ativos locais tiveram uma semana de recuperação, com o aumento do interesse dos estrangeiros pelos ativos locais, frente a um quadro técnico ainda extremamente negativo com o país. Como comentei pela manhã, sigo neutro no USDBRL, ainda vendo valor na curva curta de juros.

EUA – O dia foi de movimentos dissonantes entre o mercado de câmbio e de US Rates, com o USD fraco e uma abertura de taxas de juros no país. O Jobless Claims caiu de 288k para 268k na ultima semana, menor patamar desde o começo deste ano, mostrando um mercado de trabalho robusto, mesmo frente a desaceleração da economia mostrada por outros indicadores de atividade. Com o mercado precificando apenas uma alta integral de 25bps ao longo deste ano, com menos de 15% de probabilidade de alta de 25bps em junho, e cerca de 70% de probabilidade de alta em setembro, o risco ficará por conta de uma expressiva recuperação da economia, ou um número de emprego forte amanhã, que acabe gerando uma nova onda de reprecificação da curva local de juros, levando novo ímpeto altista para o USD e maior pressão sobre EM. Um numero mais baixo, contudo, pode acabar acelerando a tendência de recuperação dessas classes de ativo.

Irã – O país parece ter entrado em acordo com as potencias do Ocidente no tocante a seu programa nuclear. Os avanços são um passo importante para a humanidade, mas parece ter pouco impacto sobre os mercados.


Grécia – A narrativa continua a mesma. O país segue em negociação com seus credores, com sinais positivos, mas ainda não concretos, de ambos os lados. A situação econômica do país vem apresentando um deterioração galopante nas últimas semanas, o que coloca o país em uma posição extremamente delicada. Apenas um acordo amigável entre a Grécia e seus credores, para que o país continue recebendo um fluxo financeiro suficiente para arcar com seus compromissos, será capaz de evitar um cenário muito mais catastrófico ao país. O cenário base continua sendo de que um acordo será encontrado, mas o risco, mesmo que baixo, da ausência de uma solução, pode trazer consequências devastadoras a Grécia e, consequentemente, a toda a Europa. Assim, podemos esperar um período de maior incerteza e volatilidade nos próximos dias para os ativos da Europa.

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