BRL: Suporte no 2,90

Os ativos de risco tiveram uma terça-feira de pouca correlação, além de movimentos relevantes em algumas classes de ativos. O USD manteve uma tendencia de queda no curto-prazo. Os juros norte americanos apresentaram abertura de taxas, mesmo com mais evidencias de fraqueza da economia. As bolsas do país operaram próximas a estabilidade, a despeito de uma não desprezível correção das bolsas na Europa. O dia foi de leve alta no complexo de commodities.

Brasil – A Taxa de Desemprego saiu de 5,9% para 6,2%, levemente acima das expectativas de 6,1%. A abertura do número mostra uma evidente desaceleração do mercado de trabalho, com quedas relevantes do rendimento médio real e dos demais indicadores de renda. A piora do mercado de trabalho parece ser uma tendencia gradual e prolongada, que deve prevalecer por boa parte deste ano. Com políticas monetária, fiscal e creditícia mais restritivas, uma atividade econômica fraca e uma inflação alta, porém próxima de passar por seu pior momento, é natural esperar que o Copom esteja muito próximo ao final do ciclo de alta de juros. A coordenação as políticas citadas anteriormete me parece ser um importante vetor na direção de restringir a demanda e ajudar no combate a inflação.

No Brasil, o dia foi de alta no USD, leve abertura de taxas de juros (com a alta de 50bps no Copom de amanhã se consolidando as vésperas da reunião) e mais uma dia de alta do Ibovespa. Após testar o patamar de 2,88, o USDBRL voltou a operar acima de 2,90, fechando com um víes totalmente contrário a abertura do dia e dando sinais mais negativos de preço. Por hora, o patamar psicológico de 2.90 foi respeitado, formando um importante suporte ao mercado, mesmo com o USD fraco no mundo. O mercado deveria, não confirmando o rompimento do 2.90, trabalhar um pouco nos atuais níveis (2,85/2,95) (vide gráfico abaixo). A inversão da queda no dólar, contudo, irá depender de uma mudança da tendência global de curto-prazo, seja por preço, posição técnica, ou cenário (Fed ou números econômicos).Ainda vejo a depreciação do câmbio como um movimento natural de ajuste econômico, mas parece claro que o mercado ficou excessivamente negativo com Brasil nos últimos meses. Em termos técnicos, contudo, o próximo ponto gráfico/técnico importante seria o 2,85 (média móvel de 100 dias) e o 2,80 (base do canal de alta). O 2,90 é um nível psicológico importante.Como tenho insistido nos últimos dias, acredito que o BRL esteja em um período de consolidação, mas abaixo de 3.00 a assimetria na compra do USDBRL volta a ficar atrativa. Como é difícil saber até onde este movimento pode atingir (2.85/2.90/2.95 !?!), me parece prudente montar a posição em etapas.

Interessante notar a fraqueza dos setores imobiliário e de consumo na bolsa local. Além da restrilção de crédito imobiliário anunciado pela Caixa, os dados de emprego divulgado hoje confirmam uma perspectiva bastante ruim para a economia doméstica. Não acredito que isto seja um efeito transitório, mas uma tendência que tende a se aprofundar ao longo do ano.

EUA – O Consumer Confidence caiu de 101,4 para 95,2 pontos em abril, abaixo das expectativas de 102,2. A abertura do indicador também foi negativa, com os principais sub índices, como o referente ao mercado de trabalho, apresentando arrefecimento. Os próximos dias serão fundamentais para o cenário de curto-prazo dos mercados externos. Além do FOMC, teremos ECI e dados de emprego na semana que vem. Ainda vejo a fraqueza da economia norte americana como pontual.


Caso a desaceleração da economia norte americana se extenda por mais alguns meses, é natural esperar que os movimentos recentes de mercado continuem (USD fraco, alta no preço das commidities, taxas de juros mais baixas e etc). De qualquer maneira, ainda vejo o atual momento como temporário. Espero uma estabilização da economia no segundo trimestre, e um retorno das tendências que prevaleceram em grande parte do começo deste ano (USD forte, commodities em queda, taxas de juros em alta, pressão sobre alguns ativos EM e etc). Estarei olhando indicações de preço, posição técnica e cenário como indicadores para uma inversão dos movimentos recentes. Em suma, no curto-prazo, as tendências do começo do ano foram descaractrizadas, o que requer uma postura mais tática. No longo-prazo, a intensão é buscar o melhor momento para retomar a alocação a risco na direçaõ dos movimentos que prevaleceram no começo do ano.

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