Sugestões de Alocação/Portfólio:
O feriado,
até o momento, trouxe poucas novidades relevantes ao cenário econômico, além de
tudo aquilo que tenho discutido neste fórum no dia-a-dia dos mercados (vide
aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/).
Assim, o momento é oportuno para rever, de maneira resumida, minha visão de
portfólio.
Para portfólios de longo-prazo (estrutural), no Brasil, minha visão é:
- Na média em Caixa
- Na média em Renda Fixa HG
- Acima da média em Renda Fixa HY
- Abaixo da média em Juros Curtos
- Acima da média em Juros Longos
- Abaixo da média em Multimercados
- Acima da média em Renda Variável.
- Acima da média em posições
Táticas/Hedges.
De maneira geral, acredito que o Brasil
esteja passando por uma mudança estrutural profunda, que será percebida apenas
ao longo do tempo. As taxas de juros devem permanecer mais baixas por mais
tempo, nem que isso implique em algum ciclo moderado de alta da taxa Selic em
algum momento dos próximos anos (150bps a 200bps de alta).
Entendo que a Reforma da
Previdência seja importante, mas há outros vetores da agenda econômica que já
avançam e ainda são pouco percebidos pela sociedade e pelo mercado (concessões,
redução do Estado, redução dos bancos públicos, agenda BC+, e entre vários
outros).
O processo de mudança não será
linear. Será um processo longo e tortuoso. Contudo, uma visão de longo-prazo demanda
uma postura diferente daquela vista ao longo das últimas décadas, onde o CDI
reinava soberano como principal ativo nas carteiras.
Vale aqui um breve comentário
sobre cada classe:
Renda Fixa HG: A despeito de sermos bastante otimistas com a economia
e a saúde financeiras (na média) para as empresas locais, o mercado demonstra
um balanço de oferta e demanda ruim. Os spreads estão excessivamente fechados,
as emissões ainda engatinham e há demandas em excesso no mercado após o
crescimento exponencial dos fundos de crédito no país nos últimos anos.
Renda Fixa HY: Neste caso, vemos enormes oportunidades de crescimento
da classe. Ainda existem poucos gestores especializados e com histórico longo e
comprovado, mas é um setor do mercado que vemos enorme potencial nos próximos
meses e anos.
Juros Curtos: Acreditamos em Taxa Selic estável no horizonte
relevante de tempo. Vemos pouco probabilidade de abertura de taxa de juros, mas
um carrego apenas módico nesta parte da curva. Preferimos a parte longa, especialmente
da curva de juros reais.
Juros Longos: Em um mundo de
baixo crescimento, se o Brasil fizer o seu dever de casa os juros reais da
economia são uma aberração olhando o mundo. Mesmo com algum ciclo moderado de
alta da Taxa Selic em algum momento dos próximos 2 a 3 anos, a curva longa,
especialmente de juros reais, pode apresentar um carrego enorme e a possibilidade
de ganhos não desprezíveis de capital.
Multimercados: A classe vem passando por um período grande provação.
Estamos revendo as alocações e efetuando estudos mais profundos sobre como desenvolver
uma carteira e fato traga diversificação e alpha nas carteiras. Escrevi mais
sobre isso aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/04/os-desafios-de-se-investir-em-um-novo.html?q=multimercados.
Renda Variável: A despeito do baixo crescimento do país, vemos um
setor corporativo cujos lucros devem crescer na ordem de 20% pelo segundo ano
consecutivo. Juros baixos por mais tempo devem estimular a economia e a agenda liberal
pode ajudar a destravar crescimento, investimentos, renda e emprego. O processo
será longo, mas pode ser bastante positivo. Teremos volatilidade e precisaremos
aprender a conviver com ela. Vale lembrar que os EUA passaram cerca de 10 anos
após a crise de 2008 crescendo na faixa de 1% a 2% ao ano. Os juros
permaneceram baixos e o setor corporativo foi capaz de se adaptar, apresentando
crescimento de lucros muito acima do PIB. Isso manteve a bolsa local em uma
clara tendência de alta. Assim, acredito que existem outras variáveis que
possam dar sustentação a bolsa do país ao longo do tempo.
Táticas/Hedges: Gostamos de ter alocações em fundos táticos ou de
hedge. Neste momento, a maior alocações são em mercados externos. Comprada em
JPY e CHF, algumas puts de S&P500, tomado em spreads na Itália e Espanha. Finalmente,
comprado em volatilidade no EUR. Algumas puts de Ibovespa (just in case...).
Amanhã falarei um pouco sobre os portfólios estruturais para aqueles
com alocações fora do Brasil.
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