Sinais mistos na Europa, resultados corporativos nos EUA, Petrobrás e crescimento local.


Os ativos de risco estão operando em tom de otimismo. Destaque para a alta das bolsas globais e para a abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido. O dólar opera próximo a estabilidade e as commodities, no geral, apresentam leve queda.

O destaque da agenda internacional ficou por conta do ZEW, na Alemanha – um dos principais indicadores de confiança de todo a Europa. O índice de percepção econômica saiu de -3,6 ára 3,1 pontos acima das expectativas de 0,8. Contudo, o índice de condições atuais passou de 11,1 para 5,5, abaixo dos 8,0 esperados pelo mercado.

Ainda vemos sinais mistos nos indicadores econômicos da região. Existe uma expectativa clara de estabilização do crescimento, o que me parece justo após a desaceleração rápida e acentuada verificada nos últimos meses, mas as evidências ainda são parcas nesta direção.

Nos EUA, ontem, os resultados de alguns bancos, em especial da Goldman Sachs (GS), ficaram abaixo das expectativas. A ação da GS caiu próximo a 4%. A temporada de resultados corporativos ainda está em seu estágio inicial, o que torna difícil uma avaliação mais profunda.

O problema que abala a GS é a mudança estrutural que está ocorrendo não apenas no mercado financeiro, mas em todo a sociedade, em seu modo de consumo e sua relação com as grandes corporações. Até mesmo gigantes do setor financeiro precisam aprender a se comunicar e prestar serviços em um mundo onde a tecnologia e as mídias sociais dominam a cena.

No Brasil, o IBC-Br – uma espécie de PIB mensal coletado pelo BCB – ficou muito abaixo das expectativas, apontando para um crescimento fragilizado e em desaceleração. Venho comentado sobre isso já há algum tempo. De fato, nossa expectativa para o PIB deste ano migrou de 1,9% para 1,6%. Já vinha afirmando há algumas semanas que as expectativas de 2% eram mais teto do que um cenário central.

Entendo que este pano de fundo, alinhado aos ruídos políticos internos, podem manter os mercados locais com volatilidade e sem uma tendência direcional clara no curto-prazo. Alguns setores da bolsa deveriam sofrer mais do que outros, mas ainda não vejo um cenário mais negativo. Vale lembrar que os EUA passaram cerca de 10 anos após a crise de 2008 crescendo na faixa de 1% a 2% ao ano. Os juros permaneceram baixos e o setor corporativo foi capaz de se adaptar, apresentando crescimento de lucros muito acima do PIB. Isso manteve a bolsa local em uma clara tendência de alta. Assim, acredito que existem outras variáveis que possam dar sustentação a bolsa do país ao longo do tempo.

Finalmente, em relação a Petrobrás, parece que existe uma disposição em manter a liberdade da empresa em repassar a recomposição de preços, e o governo trabalhar em um pacote de medidas para atender os anseios da sociedade. Vide artigo do Valor: https://www.valor.com.br/brasil/6213431/pacote-tenta-apaziguar-caminhoneiros e aqui https://www.valor.com.br/brasil/6213407/apos-diesel-governo-lanca-acoes-de-olho-em-caminhoneiros.

Caso uma saída para este ruído seja encontrada que não afeta a política de preços da Petrobrás de maneira estrutural, existe a probabilidade de recuperação das ações da empresa. Escrevi sobre isso no final de semana, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/04/petrobras.html.

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