Petrobrás.


Na sexta-feira comentei sobre os efeitos que a decisão do Presidente em adiar o aumento do preço do diesel pela Petrobrás poderia causar, no curto-prazo, nos ativos locais. Escrevi aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/04/fluxo-de-noticias-negativo-no-brasil.html e comentei aqui https://www.youtube.com/watch?v=YCcFQ16DBvs&t=577s.

Na sexta-feira, as ações da petroleira caíram cerca de 8%, o Ibovespa caiu em torno de 2%, o dólar subiu e vimos leve alta das taxas de juros. Este último, contudo, foi ajudado (no sentido de apresentar desempenho melhor do que os demais ativos locais) por uma forte revisão baixista do Itaú para o PIB do Brasil, saindo de 2% para 1,3% de alta em 2019.

Passado os efeitos iniciais, o que esperar da Petrobrás e dos ativos locais?

Por ora, o governo está mantendo sua decisão, mas Paulo Guedes está nos eventos do FMI nos EUA. Ainda não houve uma declaração oficial da equipe econômica sobre o tema, e nem mesmo do Governo.

Acho que existe uma possibilidade de reversão da decisão, mas o estrago já foi feito, no sentido de abrir precedente para outras decisões, nada liberais, no tocante a economia. Isso pode demandar um “prêmio de risco” adicional nos ativos locais por algum tempo.

Não acredito que haja uma mudança de direção na política econômica. Entendo que o curto-prazo ainda pode ser mais desafiador após este novo ruído, mas me parece uma questão pontual e não uma mudança estrutural de postura.

Tecnicamente falando, nas últimas semanas, a Petrobrás vendeu uma subsidiária sua por US$9bi, fechou acordo para a Cessão Oneroso por mais U$9bi (além da possibilidade de mais injeção de capital via investimentos), o preço internacional do Petróleo está nos picos deste ciclo, a empresa é geradora de caixa, vem reduzindo substancialmente e aceleradamente sua dívida. Seu presidente e seus diretores são profissionais de mercado ou profissionais técnicos. Contudo, suas ações continuam nos mesmos níveis de outubro do ano passado após a queda de sexta-feira.

Não sou especialista em ações ou valuations. Contudo, mesmo levando em conta a decisão de sexta-feira, mas acreditando que será um problema pontual e não irá se estender para outros setores da empresa e da economia, me parece que a empresa ainda esteja em um caminho de recuperação e com preços/valuations atrativos.

Reforço que espero volatilidade no curto-prazo, talvez quedas adicionais, mas ainda vejo a possibilidade de um caminho relativamente saudável para a empresa no médio-prazo.


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